terça-feira, 25 de outubro de 2011

DONDE O PODER DO DALAI LAMA?

A ÁFRICA DO SUL recusou a entrada do DALAI LAMA no país, onde, convidado de honra, participaria da homenagem ao Arcebispo DESMOND TUTU no dia 08/08/11, quando o herói do apartheide" completaria 80 anos de idade. A ausência do Chefe de Estado, JACOB ZUMA, na celebração do feito na CATEDRAL ST. GEORGE DU CAP, foi oara DESMOND TUTU a comprovação de que cedera às pressões da CHINA para o não recebimento no país do DALAI LAMA. Mas essa ausência também se atribui à imolação pelo fogo naquela semana de monges tibetanos, com apenas 20 anos, em sinal de protesto. Elevou-se assim a seis o número de monges imoladdos pelo fogo no ano, numa demonstração de desagrado desesperado contra a política chinesa com relação ao TIBET. Durante a visita que DALAI LAMA fez a TOULOUSE em agosto último, o comentarista do LE FIGARO, JEAN-MARIE GUÉNOIS, ponderou-lhe que sua autoridade moral paradoxalmente se tornara mais poderosa, desde que ele abandonara sua responsabilidade política sobre o TIBET no dia 08.08 último. Sorrindo, Dalai Lama respondeu: "A autoridade moral me vem do povo e não existe meio algum de me retirarem a confiança que os povos me atribuem, a menos que eu me torne completamente estúpido". Ao jornalista a recusa da visita de DALAI LAMA nas homenagem a DESMOND TUTU foi mais eloquente diante do mundo do que a viagem que esse responsável religioso teria podido fazer. Quando de sua presença em TOULOUSE em agosto, acharam-se frente a frente o DALAI LAMA e STÉPHANE HESSEL, herói da resistência francesa e dos campos de concentração nazis, autor do célebre opúsculo "INDIGNAI-VOS". Estranho face-a-face desses dois homens: o "jovem" monge de 79 anos e o velho sábio de 94 anos! Impressionou a JEAN-MARIE o verdadeiro PODER exercido pelas DUAS PERSONALIDADES: o PODER MORAL. Sob este ponto de vista, STÉPHANE jamais gozara de tanto poder, o mesmo se podendo dizer de DALAI AMA que está como que libertado da ambiguidade que fazia dele um responsável político. Resta para a humanidade o PODER SIMBÓLICO MUNDIAL do BUDISMO e do TIBET pela sua transparência, simplicidade e ausência de compromisso.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

ANACOLUTO ==== PONTE ESTAIADA

ANACOLUTO: a) etimologicamente (do grego = sem sequência), consiste numa frase quebrada, ou num termo solto na frase, quebrando a estruturação lógica do período, quebrando ou interrompendo o fio da frase, prosseguindo-a de outra forma.
b) as mais das vezes o ANACOLUTO é uma incorreção gramatical, quando, por exemplo, há um TERMO solto na frase, quebrando a estruturação lógica, interrompendo o fio da frase. Exemplo: "num dos jornais de hoje lê-se o seguinte: "Quando a Dilma tomou posse como Presidente da República, eu disse para ela que tinha uma obra que eu gostaria de participar da inauguração". Iniciando a terceira oração, aparece um QUE (que eu gostaria...); eis um termo solto, quebrando a estruturação lógica do período. Neste caso, existe um ANACOLUTO ou UMA INCORREÇÃO GRAMATICAL.
c) O " ANACOLUTO", porém, pode considerar-se uma FIGURA DE SINTAXE. NESTE CASO, consistiria na interrupção de uma frase iniciada geralmente após uma pausa, e retomada através de mudança de construção. Exemplo: "QUEM feio ama bonito lhe parece". Eis um período iniciado por uma palavra "QUEM" no qual esta palavra não se integra SINTATICAMENTE, no período, embora esteja integrada pelo sentido: "O feio parece bonito a QUEM ama". Outro exemplo: "EU, porque sou mole, você fica abusando". Eis um períodp iniciado por EU, no caso seguido de pausa, tendo como continuação uma oração (porque sou mole), no qual a palavra EU não se integra SINTATICAMENTE no período, embora nele integrada pelo SENTIDO: "Você fica abusando DE MIM porque sou mole" (Rubem Braga)

ESTAI: cada um dos cabos que sustentam a mastreação para vante; VANTE: parte da frente do navio (Houaiss).
PONTE ESTAIADA:ou atirantada: ponte suspensa por cabos, constituída por um ou mais mastros de onde partem cabos de sustentação.

PONTE sobre o Rio Negro ligando MANAUS a IRANDUBA, inaugurada hoje, dia 24/09/11, Aniversário, 342 anos, da Cidade de Manaus, sendo a segunda maior do mundo, em águas fluviais; a primeira está sobre o rio Orinoco, na Venezuela. No momento é a maior Ponte Estaiada construída no Brasil. A parte estaiada mede 400 metros. Sua extensão total: 3.595 metros.

domingo, 23 de outubro de 2011

PANFLETO CONTRA OS CATÓLICOS FRANCESES

JULIEN GREEN, escritor americano de expressão francesa (1900/1998), converteu-se ao catolicismo em 1916. Como na época de sua conversão grassasse na França e de modo geral em todo o ocidente, inclusive no Brasil, uma onda bastante influente e crescente de anticlericalismo, a atitude de GREEN, recém-saído do protestantismo CONVENCIDO de ESTAR COM A IGREJA CATÓLICA A VERDADE TRAZIDA POR CRISTO, outra não foi senão colocar em defesa de sua fé o dom da palavra escrita. Enfrentando um mundo hostil aos valores transmitidos pelos Sumos Pontífices, num país intelectualmente simpático a "Ação Francesa", movimento animado desde 1904 pelo escritor Charles Maurras (1868-1952), centrado no nacionalismo integral e de rígida conotação tradicionalista, de larga aceitação entre os católicos, GREEN não hesitou em colocar seu espírito recém-convertido em defesa do Catolicismo que abraçara convictamente. Publicou aos 23 anos de idade o "PANFLETO CONTRA OS CATÓLICOS DA FRANÇA", a seu ver membros mornos, desossados, apáticos, uma espécie de nossos "católicos não praticantes". Já considerado figura promissora das letras francesas, exerceu O PANFLETO influência real nos meios católicos da França onde GREEN hoje é tido como o maior escritor da França no século XX. No seu "JOURNAL 1935-1939", com a data de 06/04/1935, à proposta que reeditasse o PANFLETO, ponderou ser impossível, pois "nesse pequeno livro escrito aos 23 anos não consigo reencontrar-me tal como sou hoje. Essas páginas, continuava ele, não constituíam uma profissão de fé, antes permitiam supor uma profissão de fé violenta e fanática! Se a publicasse hoje, pensariam que eu vivo no temor do Inferno e que lamento os belos dias da Inquisição". Em geral as lutas, as dores até à conquista da verdade, religiosa sobretudo, inoculam no convertido energias, forças tais que chegam por vezes até a perder-se a noção da realidade, o que, em parte, explica a origem dos fanatismos. Pelo que conheço, de leituras, de JÚLIO GREEN, ele viveu e "dormiu" no Senhor de sua conversão, o que até exemplifico pelo que escreveu no seu "POURQUOI SUIS-JE MOI? JOURNAL 1993-1996", pp.399 (30/12/1995): "Se eu pudesse me dizer ao ouvido, afastando o lençol que me cobre a orelha antes de dormir : 'Hoje seguiste o Evangelho', como me sentiria feliz, pois teria vivido o Amor tal e qual Cristo o concede. Mas...também hoje ouvi a voz do mundo!" A propósito: no dia 05/03/1995, no citado livro, GREEN escreveu; "DE SALOMÃO e de JUDAS não direi o que faço, a fim de que não se abuse de minha MISERICÓRDIA" (De um dos diálogos de Jesus Cristo com Santa Gertrudes (1253-1302), beneditina alemã, autora de "Arauto do Amor Divino", um dos primeiros monumentos da devoção ao Coração de Jesus.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

PASCAL e BOSSUET = CONTRASTES NO ESTILO

"Conversando com um jornalista, afirmei que PASCAL (1623-1662) foi o maior dos autores franceses. Eu já afirmara isto quando era moço ainda. Longe de um elogio imaturo, acho que Pascal tem direito ao título. Foi ele que fixou a Língua Francesa num momento da História em que ela corria o risco de desvirtuar-se por superabundância e falta de rigor. A língua de BOSSUET era como um muro indestrutível, mas tratava-se de uma língua de orador, ao passo que a de PASCAL era perfeitamente empregada no uso corrente. Linguagem leve, sem arcaísmos, sempre atual. De uma resplandecente clareza, ela é capaz de apresentar uma frase longa, de página inteira até, sem que se perca o fio, ao passo que em Prroust (1871-1922) um período mais longo nos embaraça. Atualmente o emprego da língua francesa se deteriora. O mesmo fenômeno de usura ocorre em outros países (Inglaterra, Alemanha), fenômeno de usura, não de usura da língua, mas usura da mentalidade nacional.
No começo do século XVII houve um começo de purificação da língua entre os romancistas de 1630, mas ficou apenas numa tentativa. Julgo hoje que PASCAL deve ter sido leitor de CALVINO (1509-1564) cuja língua transparente e um tanto rígida nos leva a considerar o autor da "INSTITUIÇÃO CRISTÃ", uma das mais notáveis obras da antiga literatura francesa, o primeiro escritor do século XVII.
Em PASCAL quase não se lê um arcaísmo. Seja qual for o Francês de educação normal, comum, mesmo do curso fundamental, lê-se PASCAL de uma ponta a outra sem qualquer dificuldade. O sentido é translúcido, o vocabulário usual. RABELAIS (1494-1553) por vezes bastante confuso. PASCAL empobreceu a língua para lhe dar a admirável clareza. Sem dúvida falta-lhe a cor. Para o colorido, busque-se SAINT-SIMON (1675-1755).
Interessantes as observações de JULIEN GREEN (1900/1998) no dia 04/08/1993, no seu "POURQUOI SUIS-JE MOI", JOURNAL 1993-1996.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

MENSAGENS COMPARTILHADAS

Preocupa-me por vezes a ideia de que os seguidores deste blog possam estranhar o hábito que tenho de frequentemente citar determinados autores. São, aliás, muito poucos, o que prova a indigência de minha cultura, pois os conto com os dedos de uma das mãos apenas: Tristão de Athayde, Gustavo Corção, Jackson de Figueiredo, Thomas Mérton, Saint-Exupéry e Julien Green. Sem exclusividae, porém. Na procura de uma explicação, neste exato momento acabo de descobrir o óbvio. Digo "o óbvio", porque desde criança ouvi que toda pessoa é bastante infuenciada pelas leituras que costuma fazer, segundo, aliás, o dito: "Dize-me o que lês e dir-te-ei o que és"! E a descoberta, acompanhada de um efusivo e silencioso "eureka", aflorou justammente em JÚLIO GREEN, que, no dia 30/06/1938, escreveu em seu "JOURNAL", 1935/1939: "O escritor não deve acreditar não ser diretamente influenciado pelo que lê. Existe apesar de tudo uma relação secreta entre a obra e os livros de que o autor se nutre, como entre o que ingerimos e o nosso organismo. Esse tipo de contágio, literário no caso, a psicologia popular o exprime, quando nos diz também: "Dize-me com quem andas e te direi o que és!" Sendo verdadeiro o brocardo, quanto proveito deveria eu extrair, pelo menos por osmose, de tantas citações transcritas! Confesso que com tais citações nada mais faço senão compartilhar dos bons e belos e judiciosos conceitos deles, e de outros autores, por uma razão muito singela: descubro neles, em trajes, especificamente condizentes com o que penso e proponho-me escrever, aquilo que me aprazeria ter escrito ou escrever no momento de elaboração de determinada mensagem. Gostaria, mas não fui dotado de um espírito criativo, filosófico, reflexivo, dons inatos nos aurores que cito. Apropriando-me, numa comparacão claudicante, de uma histórica saída de São Vicente de Paulo, quando os padres missionários da Congregação por ele fundada foram equiparados ou assemelhados aos padres Jesuítas, que respondeu o camponês gascão na sua rude simplicidade? "Nada mais somos senão humildes carregadores de malas dos intrépidos filhos de Santo Inácio de Loyola!" Citando com frequência pensamentos de outras pessoas, numa tentativa assim de melhorar o que escrevo, nas melhores das intenções nada mais exerço senão fazer deslizar na mesma esteira as suas malas e as minhas mochilas.

sábado, 15 de outubro de 2011

NÃO CURTI A PRESENÇA DE MEU PAI!

Meu pai faleceu, quando eu tinha 22 anos. Convivi com ele apenas até aos 12 anos, quando entrei no Colégio do Caraça. Depois disto, por mais 3 vezes, espaçadas, e por um mês apenas de duração cada uma, estive em casa junto dele. Isso quer dizer que na prática foi só na minha infância que convivemos, que sua presença fez-se sentir em mim. Ora, essa fase da vida, Tristào escreveu, "é o período em que a infância domina a criança em contraste com aquele em que o adulto domina a maturidade. A infância, continua o mestre, é a idade do anonimato, em que a criança renasce a cada manhã, uma idade sem memória em que as impressões são tanto mais violentas quanto mais efêmeras". Relembro esses pormenores, porque hoje (15/10/11) faz 60 anos que meu pai se foi para a casa do Pai, 5 anos depois que o vira pela derradeira vez (1947), quando, estando eu longe de casa, soube da morte dele repentinamente. Pai de 12 filhos vivos, seu contato comigo foi bastante curto. Um "fac-totum" por necessidade, eram fora do lar seus variados ambientes de trabalho. Assim cabia bem mais a minha mãe a vigilãncia e os cuidados dos filhos, apesar de vê-lo diariamente quase em casa. Se fui castigado vezes sem conta por minha santa mãe, só me lembro de três ocasiões de sua intervenção sobre ninha conduta: quando briguei com minha irmã Anesia, e recebi duas chineladas; quando, tendo apanhado na rua ao sair da escola, do irmão de um colega por causa de uma discussão sem agressão mas apaixonada, em que eu era pela Inglaterra e meu colega pela Alemanha (1940), meu pai assim me interpelou: "Como isso?! Não vê que sua mãe está de resguardo pelo nascimento de seu irmão?" E a terceira vez foi quando aos 15 aos (1944) estive de férias do Caraça, diariamente ouvindo na rádio Tupi o programa de Júlio Louzada, mal sentado na cadeira, e meu pai me dizendo com humor: "Vou mandar fazer uma cadeira de 2 pés pra você!" A impressão, porém, dele recebida e que muito me marcou foi quando me visitou no Caraça, um ano depois que lá me achava, em 1942. Em conversa no Claustro dos Padres com o Padre MontÀlvão, ele confessou que eu em casa lhe fizera muita falta, porque já o ajudava bastante, passando a mão na minha cabeça com carinhoso gesto antes por mim nunca sentido! Hoje assisto ao fenômeno normalíssimo na vida de todos nós: na proporção em que encurta a família aqui na terra, vai ela crescendo do outro lado! Até breve, meus queridos pais!

VOCÊ CONCORDA?

Nos meus encontros diários com autores de "Memórias", de Diários, de Autobiografias, observações há que me fazem pensar. N0 seu "POURQUOI SUIS-JE MOI" Julien Green escreve que, no dia 19/02/1995, paticipou da missa celebrada pelo amigo norueguês Padre Kjell Pollestad. Impressionado pela beleza do texto EM LATIM naquele domingo da Sexagésima, lançou no papel o seguinte: "A beleza do texto nessa língua me encantou. Sem pestanejar, pude mensurar as riquezas que perdemos nos ANOS SESSENTA (do século passado). Um público iletrado era agraciado apesar de inconsciente ("malgré lui") de algo inapreciável: UM CERTO SENTIDO DO MISTÉRIO. ATUALMENTE ELE COMPREENDE (?), mas...e daí? Não afirmo que ele, o público, não tenha tirado disso algum proveito, mas não faz mal levantar a dúvida! O Padre Kjell nos devolveu a missa de meus primeiros anos de catolicismo ( Green converteu-se ao catolicismo aos 17 anos) : atrás das palavras em latim eu senti uma presença, ousaria dizer uma presença perdida".
E no dia 14/11/1995, no mesmo livro, GREEN recorda "que o PAPA pede à Igreja que se arrependa, convocando-a a uma atualização do Martirológio Cristão compreendendo ortodoxos, anglicanos, protestantes. Nada a declarar ou tudo a repetir! Os protestantes que contei entre meus ascendentes foram por sua vez alguns perseguidos e outros perseguidores. E ademais a fé católica é a única totalmente verdadeira? As outras fés religiosas ou declarações de fé religiosa são ou parcialmente verdadeiras ou parcialmente errôneas? Por que levantar um problema que não faz senão desencadear oposições sem fim entre os cristãos?" Infelizmente não dispondo de meio de um acesso ao tal pedido de arrependimento feito pelo Papa, confesso que necessitária de um esclarecimento do que no caso escreveu Julien Green. Prometo empreender algo a respeito. Quanto à supressão do uso da língua latina na liturgia católica, foi ele permitido por Bento XVI aos membros da Fraternidade São Pio X na celebração da Santa Eucaristia.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

MERTON ANTES DA VOLTA PARA DEUS

THOMAS MÉRTON, aos 17 anos, em 1932, abandonada a Fé de sua infância, era um rapaz como a maioria dos outros. Frequentando um colégio na Inglaterra, acometido de doença de certa gravidade, viu-se confinado entre as 4 paredes de uma enfermaria, "sem nada no coração a não ser apatia, orgulho e desdém como se fosse culpa da vida estar eu sofrendo e só por isso dever evidenciar desprezo, ódio pela vida e morrer como se isso fosse uma vingança contra ela, a vida! Que era a vida? Algo existindo separado de mim. Se tenho que morrer, que morra! Morro e pronto, fico liquidado!" Assim descreveu MÉRTON seu estado de espírito na época e continuou: "Quem tem religião, fé e amor a Deus sabe o que significa a vida e o que vem a ser a morte e se dá conta direito do que seja ter uma alma imortal, não compreende como pode ser o estado íntimo de quem não tem fé e já atirou para um canto a alma. E não pode conceber que uma pessoa possa se ver diante da morte sem sentir uma espécie de compunção. Mas por certo pode saber que milhões de pessoas morrem assim sem preparo, da maneira como eu por exemplo poderia ter morrido. Até quando me lembro, o pensamento de Deus e o pensamento de rezar não acudiram sequer ao meu espírito doente, e tão pouco durante o ano. Ou se tais pensamentos bruxoleavam diante de mim foi para renegá-los e rejeitá-los. Naqueles dias, quando na capela se recitava o Credo dos Apóstolos, eu ficava de boca fechada, não acreditava em nada. Mas apenas substituíra uma F'É certa, a FÉ em DEUS, na Verdade, por uma fé incerta e vaga nas opiniões e na autoridade de homens, panfletos e artigos que se agitavam, variavam e se contradiziam sem que chegasse a discernir claramente. Assim eu jazia naquele leito, repleto de gangrena, e com a alma apodrecida pela corrupção dos meus vícios. A pior coisa que pode acontecer nesta vida a uma pessoa é perder todo o senso de realidades tais como sem se importar sequer se vai morrer ou não. Um dia saberei quem intercedeu por mim naqueles dias, pois a distribuição dos dons de Deus é sempre através das orações de outras pessoas" ("A MONTANHA DOS SETE PATAMARES", de Thomas Mérton).

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

MATRICULADOS NO CARAÇA EM 1941 = PIRACEMA

PIRACEMA: período entre outubro e março de cada ano, quando, elevando-se a temperatura da água e do ar, os peixes sobem até às cabeceiras dos rios nadando contra a correnteza para a desova. Figurativamente PIRACEMA emprega-se entre os membros da AEALAC (Associação dos Ex-alunos Lazaristas e Amigos do Caraça) para marcar o dia por excelência da VISITA ESPECIAL dos EX-ALUNOS ao CARAÇA, a fim de comemorarem o aniversário de suas matrículas no COLÉGIO. Por isto, no próximo dia 15/16 de outubro a TURMA dos 22 adolescentes, remanescentes e disponíveis, matriculados no CARAÇA em OUTUBRO/SETEMBRO de 1941 se apressam para uma visita histórica ao SANTUÁRIO DO IRMÃO LOURENÇO, para, num reencontro sentimental, agradecerem a NOSSA SENHORA MÃE DOS HOMENS e à CONGREGAÇÃO DA MISSÃO - SETENTA ANOS VOLVIDOS - o DOM INEFÁVEL de uma formação cristã a eles por DEUS concedida. Dos 22 jovens convocados: ÁLVARO, BATISTA, CASTRO, CORNÉLIO, FRANCISCO, FRANCO, GERALDO, JAIR, LAÉRCIO, LARA, LÉLIS, LINS, LUIZ, MAGALHÃES, MARTINS, MAURÍCIO, NOGUEIRA, RAMIRO, SINFRÔNIO, TAVARES, TEIXEIRA E TRINDADE, por razões bastante compreensíveis e justificáveis a DOIS somente: ao FRANCO ( JOSÉ FRANCO DE MORAIS) e ao TRINDADE ( WILSON BARRETO TRINDADE) caberá a honrosa missão de representar os fisicamente ausentes, embora espiritualmente jamais distantes das "cabeceiras" das santas e culturais fontes alterosas do SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA MÃE DOS HOMENS e do IRMÃO LOURENÇO. Na ocasião a turma de 1941 se recordará de maneira muito especial das figuras missionárias do mestre de então: Padre CRUZ, Padre TORRES, Padre SARAIVA, Padre MONTÀLVÀO, Padre BRAGA, Padre SILVA, padre GUERRA, Padre EGÍDIO e PADRE OLIVEIRA ( FREI JOSAFÁ). Não serão esquecidos os IRMÃOS LEIGOS: MARIANO, JOÃO MERTENS, NILO e PIO. E Flores silvestres depositaremos nos túmulos de nossas queridas SAMPAIAS, piedosas senhoras que se santificaram na imolação por seus afilhados. E dos empregados do Colégio todos gozarão de nossas póstumas atenções. Por derradeiro. "last but not least", brindaremos os fundadores pioneiros da AEALAC, que, "sensibilizados com as notícias que vazavam sobre a penúria vivida na casa que os viu crescer, por atos e não apenas por palavras durante a Segunda Guerra Mundial (1939/1945) materializaram seu amor ao Caraça, cujas portas de entrada nem por pensamento admitiam viessem a ser trancadas", fundando a AEALAC, hoje nas mãos, não menos gratas ao Caraça, das atuais gerações de ex-alunos e amigos. "No CARAÇA, escreveu Drumond de Andrade, está-se mais perto do céu do que da terra!"

terça-feira, 11 de outubro de 2011

SENHORA MÃE DOS HOMENS - POEMA TEOLÓGICO

A poetisa mineira HENRIQUETA LISBOA, no livro dedicado ao CARAÇA "MONTANHA VIVA", escreveu o poema ORAÇÃO, muito próprio para o dia de hoje, quando se celebra NOSSA SENHORA MÃE DOS HOMENS, padroeira do Santuário construído pelo IRMÃO LOURENÇO que assim rezou no término de sua obra:

NOSSA SENHORA MÃE DOS HOMENS,
A TUA IGREJA ESTÁ EM PÉ.
DIAS RUDES, NOITES INSONES
TESTEMUNHARAM MINHA FÉ.

QUEM HÁ DE COMPLETAR A OBRA
QUE REGUEI COM MEU PRANTO E SUOR?
A MIM CARECE-ME O QUE SOBRA
A TEU PODER E A TEU AMOR.

TU QUE NOS FIZESTE NASCER
PARA A GRAÇA, ESPIRITUALMENTE,
CONSERVA-NOS JUNTO AO TEU SEIO
TÃO FECUNDO COMO INOCENTE.

PELA TUA M A T E R N I D A D E
MÍSTICA E REAL, À HORA DA DOR
EM QUE A TODOS NOS IRMANASTE
A TEU FILHO NOSSO SENHOR.

NOTÍCIAS DO VATICANO

O comentarista do LE FIGARO, JEAN-MARIE GUÉNOIS, comunica-nos que, dentro de alguns dias, precisamente no dia 27 de outubro, o Papa BENTO XVI irá a ASSIS, Itália, para celebrar o vigésimo quinto aniversário do Primeiro Encontro Interreligioso de Oracão pela Paz. Abraçado pelo Papa João Paulo II,o movimento inquietara os meios católicos, a começar pelo próprio cardeal RATZINGER, então Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé que, em linha reta com o Documento "Dominus Jesus", pensava de acordo com o texto referido que reafirmava a primazia do Cristo e da Igreja Católica em prejuízo, aliás, dos protestantes; Ratzinger via no movimento o risco de uma tendência sincretista: mistura das religiões onde tudo faz crer tratar-se de assunto considerado no mesmo plano. Atualmente uma corrente católica se alegra de ver o Papa Bento XVI acompanhar os passos do falecido João Paulo II no caminho árduo do diálogo interreligioso. Em contra partida, levantam-se os integristas formulando críticas acerbas diante do episódio, julgando um sacrilégio a atitude de Bento XVI rebaixando-se ao nível das outras religiões! Outra corrente mais moderada poderia estar decepcionada diante da imprudência de Bento XVI imiscuindo-se num movimento de tal natureza e como tal. Para os simpatizantes dessa ala, tratar-se-ia de um diálogo, sem dúvida simpático no seu espírito, mas sem resultados teológicos sérios!. Entre os que assim julgam, porém, há alguns que estão seguros, no caso, da reafirmação delicada mas clara da preeminência da Revelacão Cristã sobre as demais religiões. Numa visão mais liberal do referido movimento estão aqueles que, longe de se espantarem, vêem no propósito de Bento XVI não tanto um diálogo interreligioso mas entre culturas oriundas dessas religiões: nuance, sem dúvida, importante!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

11/10/2011 = N.SRA.MÃE DOS HOMENS = CARAÇA

Amanhã o SANTUÁRIO DO COLÉGIO DO CARAÇA celebra o dia de sua padroeira, NOSSA SENHORA MÃE DOS HOMENS. Vinda de PORTUGAL a pedido do IRMÃO LOURENÇO, ha 227 anos entronizada no altar-mor da igreja do CARAÇA em 17/05/1784, faz 227 anos que NOSSA SENHORA MÃE DOS HOMENS, há 1.400 metros acima do nível do mar abençoa e protege as TERRAS MINEIRAS e também as BRASÍLICAS, conquistadas que foram por seu FILHO, "O CRISTO REDENTOR" no MONTE PASCAL, Bahia, em 26/04/1500, quando da primeira missa celebrada no Brasil por frei Henrique de Coimbra. "Em belo nicho de mármore, sobre uma peanha onde ANJOS sorriem, a VIRGEM MÃE, vestida de manto azul está em pé. Cinge-lhe a cabeça uma coroa imperial. Traz pendentes das orelhas mimosos brincos de ouro. Brilha sobre sua túnica branca uma grande joia presa a um colar e engastada em preciosíssimo relicário. Com graça levanta o seu braço direito e dá a sua bênção. Tem sentado no braço esquerdo o MENINO-DEUS coroado também e com uma corrente no peitinho. Em tudo o filhinho é parecido com a Mãe. Toda bela MARIA. Mais belo ainda o pequenino JESUS na sua nudez. Este segura na mão esquerda um pequeno globo prateado e, com a direita, IMITA À RISCA O GESTO DE SUA MÃE. Seu bracinho tem a mesma curva cheia de graça, e os seus dedinhos a mesma posição: os dois estão dobrados, dois outros levantados e juntinhos, e o polegar separado. SÃO DUAS BÊNÇÃOS que se confundem NUMA SÓ E MESMA BÊNÇÃO DIVINA!" NOTA: A preciosa imagem foi restaurada no final da década de 1998. Numa fenda no dorso da imagem o restaurador, Gilson Felipe Nogueira, encontrou uma relíquia do século XVIII ou início do XIX: a oração de um tal ALEXANDRE que se diz escravo de Nossa Senhora, cujo texto ortograficamente atualizado diz o seguinte: "Ó MARIA SANTÍSSIMA, Mãe de Misericórdia e dos Pecadores, aqui está a vossos pés o menor de todos eles e o mais indigno filho, ALEXANDRE, escravo vosso. Lançai, minha Mãe, e Senhora, sobre a alma deste enorme pecador a vossa Santíssima Bênção e ponde-me os vossos piíssimos olhos e intercedei por nós a vosso Santíssimo Filho, meu Deus de Amor e Misericórdia" (do livro "GUIA SENTIMENTAL DO CARAÇA", por Sarnelius).


issimo Filho, meu Deus de Amor e Misericórdia!"

sábado, 8 de outubro de 2011

GESTO INFANTIL QUE DOBRA O VÔ

Um beijo angelical de minha neta de ano e meio na face do vô na manhã do dia 07/10/11, enterneceu-me inidelevelmente o coração, prestes a celebrar o octogésimo terceiro ano de vida. Algo me vinha segredando que ela mal espreitava o momento, dela somente escolhido, somente por ela presenciado. Vezes tantas ouvia: "Beija o võ! Beija o vô!" Não! Giovanna dispensava conselho, a iniciativa tinha que ser dela somente! E chegara o momento. Sentindo-se solta, a três metros do alvo, que, este, sim, a convidava ao gesto real face na face, então era a hora, não de um estalo apenas de boca, ou ofertando de longe na concha da mão pequenina o gesto simbólico do bem-querer infantil aflorado nos lábios, a hora era aquela.O vô implorando, aguardando, ansiando, e ela afinal deslanchando na angélica flor de um sorriso, pé ante pé caminhando, solta no espaço, levada apenas pela vontade impulsora nas asinhas do livre arbítrio - já em atividade, santo Deus? - foi-se aproximando devagarzinho, em passos lentos de daminha de casamento, e de leve, envolta na tranquilidade precoce de compenetrada criança, depositou rapidinho na face do vô o primeiro beijo por ela só intentado, por mais ninguém incentivado, presente por ela só escolhido e entregue sem a presença de solicitante algum sinalizando, fiscalizando, fotografando. E descrever a emoção do pai do pai dela e do sogro da mãe dela quem há-de? O efeito de um acontecimento dessa espécie só outro vô saberia explicar. O muito/pouco que consigo dizer é que o estado de espírito que me tocou as fímbrias da emotividade se assemelharia àquele espiritual e extasiante descido sob a forma de uma paz celestial, tipo daquela que os celícolas, presentes no presépio, sentiram, quando , contemplando na fé o Deus-Menino entre palhas, ao bafejo quente dos bichos amigos, sob os olhares divinamente privilegiados de Maria e José, sob os balidos da mansidão dos cordeiros e aos sons das flautas agrestes dos pastores despertados , seus espíritos se enterneceram com as vozes dos anjos cantando: "GLÓRIA! GLÓRIA! NO CÉU! PAZ NA TERRA AOS HOMENS! "Toda criança é um novo anjo caído dos céus e confiado por Deus aos humanos! É pena que às vezes isto se esquece!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

RAZÃO DA BIOGRAFIA DE STEVE JOBS

Está saindo a biografia do fundador da APPLE, STEVE JOBS, escrita pelo amigo WALTER ISAACSON. No verão de 2004, JOBS lhe telefonou, tendo WALTER aproveitado a ocasião para convidá-lo a falar no campus de verão no Colorado. JOBS propôs em troca uma caminhada para poderem conversar, concluindo por revelar que desejava que ele lhe escrevesse a biografia. WALTER acabara de publicar a biografia de Benjamin Franklin e estava escrevendo outra sobre Albert Einstein. Julgando encontrar-se JOBS no meio de uma carreira oscilante, prometeu atendê-lo, quando ele se aposentasse. Observando, contudo, que o convite precedia a primeira operação do amigo em luta com um câncer, "combinada com um espantoso romantismo emocional", WALTER se convenceu de que JOBS acreditava que com a biografia prestaria serviços às pessoas, esclarecendo isto com o raciocínio de que "as pessoas estão ocupadas fazendo o que sabem fazer melhor, querendo que façamos o que fazemos melhor, pois elas têm mais coisas a fazerem do que pensar em como integrar seus computadores e dispositivos". WALTER declarou que, faz pouco, visitou JOBS pela última vez em sua casa de PALO ALTO. Tinha-se mudado para um quarto no andar de baixo, porque estava fraco demais para subir e descer escadas, com um pouco de dor mas com a mente afiada e um humor vibrante. Acostumado a manter distanciamento como escritor, WALTER, ao tentar dizer-lhe adeus e atingido por uma onda de emoção, perguntou-lhe por que se mostrara tão disposto, por 2 anos e em 50 entrevistas, a se abrir tanto para um livro, quando costumava ser geralmente tão discreto. JOBS lhe deu a seguinte resposta: "EU QUERIA QUE MEUS FILHOS ME CONHECESSEM. EU NEM SEMPRE ESTAVA PRESENTE E QUERIA QUE ELES SOUBESSEM O PORQUÊ DISSO E ENTENDESSEM O QUE FIZ!" (FOLHA DE SÃO PAULO, 07/10/11).

PAI E FILHO ADMIRÁVEIS

JULIEN GREEN, um dos mais brilhantes escritores franceses do século XX, num de seus livros de memórias, confessou, no dia 28/10/1955, sentir-se em perigo, por vezes, frente às críticas a romances seus, taxados de imorais. Consolando-se, escreveu então o seguinte: "Esse sentimento do temor se atenua e se apazigua, na presença de certas pessoas que se amam. Meu pai me confortava completamente. MUITAS VEZES ME PERGUNTAVA se sua bondade e sua inocência não confinavam com uma espécie de santidade de que, contudo, ele não tivesse a menor ideia. Perguntava-me também então se ele tinha perfeito conhecimento de minha pessoa. Falávamo-nos tão pouco, mas HAVIA NA GAVETA DE MEU QUARTO CONFISSÕES que jamais me passou pela cabeça guardar sob chaves!. Um dia, de volta de uma viagem, percebi que a gaveta estava vazia. Tão grande era minha negligência que já no dia seguinte não pensava mais no caso. E tinha 23 anos. Apenas concuíra que alguém tinha lido aqueles papeis e os tinha destruído todos, mas nunca comentei o fato com alguém, e ninguém, igualmente, jamais tocou nesse assunto comigo!" JULIEM GREEM ( 1900-1998), escritor norte-americano de expressão francesa, escreveu livros de orientação católica. Falecendo-lhe a mãe, devota protestante, em 1916, o pai converteu-se ao catolicismo e logo depois ele e várias de suas irmãs. Em 1972 declinou do pedido de Pompidou para adotar a nacionalidade francesa. Foi enterrado no dia 13/o8/1998 em Klagenfurt, Áustria, na igreja de Santo Egídio, tal fora a emoção aí sentida diante da estátua de Nossa Senhora, quando de sua visita ao templo em 1990.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O QUE CARACTERIZA A ADOLESCÊNCIA

Na ADOLESCÊNCIA em geral se forma nosso caráter. É quando se gravam os sulcos na lava ainda ebuliente de nossa vida interior, por onde em geral se encaminhará nossa existência vindoura. Idade capital de nossa existência, por ser a que vai repercutir de modo mais profundo em todas as idades que se lhe seguem. É quando começa realmente a memória a fixar as impressões recebidas. A infância é a idade sem memória em que as impressões são tanto mais violentas quanto mais efêmeras. A criança renasce cada manhã. O adolescente é eminentemente rememorativo. As impressões recebidas e recapituladas, e até as prefiguradas, passam a fazer a trama de nossa vida interior A adolescência é o campo predileto em que tudo vemos diante de nós, em que só nos interessa o dia seguinte, o que se espera. Mas ao mesmo tempo nessa idade o que passou possui um prestígio inigualável pela rememoração de fatos, de figuras, de frases, de sentimentos. É idade por excelência da imaginação. E em geral não são as coisas reais que mais nos encantam então e sim a ruminação pela memória ou pela fantasia daquilo que passou e do que vai vir. É a mais perigosa das idades porque a mais facilmente comunicativa em relação aos da mesma idade. A criança vive no seu eu; o adolescente, no seu nós! Idade de fraternizações fáceis e de entusiasmos contagiosos. Daí o problema das companhias nessa fase mais problemática da formação. Aos 15 anos colocamos nossos amigos acima de tudo. Daí é que em geral nasce uma particular impaciência para com a família. O adolescente se julga um incompreendido, parecendo-lhe ser sempre vítima de uma injustiça por parte de todos ( Pensamentos extraídos do livro "IDADE, SEXO E TEMPO", de Tristão de Athayde).

ETIAM HOMERUS ALIQUANDO DORMITAT

Tal era o esmero, o cuidado, a religiosidade com que se procurava ensinar no Colégio do Caraça a Língua Portuguesa que nem aos alunos recém matriculados se perdoava qualquer escorregão que ferisse, ainda que de leve, a língua de Camões. Língua esta que já em tempos remotos, como se lê nos LUSÍADAS, CANTO I,33, a bela deusa VÊNUS, afeiçoada à gente lusitana, " por quantas qualidades via nela", sustentava, defendia contra BACO, que se opunha à expedição de VASCO DA GAMA a caminho das ÍNDIAS, confessando tratar-se de uma gente cuja "lingua na qual, quando imagina, com pouca corrupção crê que é a LATINA", isto é, a LÏNGUA LATINA donde derivou, além da nossa, a língua italiana, a francesa, a espanhola, etc. Prova do aprendizado castiço do Português no Caraça, ofereço aqui um exemplo: meia hora depois de recebido no Caraça, faz 70 anos, um conterrâneo conhecido, já ali cursando o terceiro ano, me apresentou a um colega, dizendo ser ele filho de Simeãozinho, político influente em nossa cidade. "Filho do Simeãozinho? exclamei eufórico, conheço ELE muito!" Foi esta frase CONHEÇO ELE MUITO o distintivo de minha consagração no Caraça! A turma dos curiosos, que nos espreitavam, em coro prorrompeu de inopino: "Que é isto, novato?! rasgando a GRAMÁTICA! conheço ELE, não! CONHEÇO-O!!!" Até nos recreios se fiscalizava o emprego correto da LÍNGUA PÁTRIA, como na escola primária aprendi a chamar o nosso idioma. A propósito: a FOLHA DE SÃO PAULO de ontem, 05/10/11, página 1, sob o título "Presidente do Chile endurece...", parágrafo segundo, trouxe: "...prevê penas mais rígidas para quem agredir policiais e fazer manifestação, etc." Salvo melhor juízo, parece-me que deveria ser: "...para quem agredir (futuro do subjuntivo) e FIZER (futuro do subjuntivo).

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

"NA TARDE DE NOSSA VIDA"

Escrevendo sobre a "RESSURREIÇÃO DOS MORTOS", encontrei num pequeno livro intitulado "O MANUSCRITO DO PURGATÓRIO" o seguinte: "Como dizer e descrever o que acontece depois da agonia de uma pessoa? A alma, deixando seu corpo, vê-se INSTANTANEAMENTE completamente desnorteada, totalmente envolvida, se assim se pode falar, por DEUS. Ela se encontra numa tal claridade que num abrir e fechar de olhos ela percebe sua vida toda inteira e, em seguida, o destino que ela merece. Por si mesma, quando se descobre na amizade de Deus, mas ainda com alguma pena leve a cumprir, ela se lança, ela procura o PURGATÓRIO". "Oh bem-aventurado PURGATÓRIO!, exclamava SAINT-CYRAN (1581-1643). O PAPA PIO XII (1939-1958) pedia sempre a Deus com muita humildade que lhe fosse dado nele entrar quando do encerramento de sua passagem na terra! Donde a importância de bem morrer! Para isto, recordem-se as palavras de Jesus: "Quem não está comigo, está contra mim", mas em outro texto (São Marcos, IX,39): "Quem não estiver contra vós está convosco". Quem procura sinceramente a verdade corresponde já ao impulso da graça atual que o leva à prática do bem. Nessa pessoa começa a verificar-se já o que disse São Bernardo (1091-1153) e foi repetido por Pascal (1623-1662): "Tu não me procurarias, se já não me tivesses encontrado!" Como é verdadeira a palavra de São João da Cruz (1542-1591): "NA TARDE DE NOSSA VIDA seremos julgados sobre o AMOR", isto é, sobre a sinceridade de nosso amor para com DEUS.

domingo, 2 de outubro de 2011

02/10 = DIA DOS SANTOS ANJOS DA GUARDA

SÃO BERNARDO, abade (1091-1153) , assim escreveu sobre os ANJOS DA GUARDA: "... PARA QUE NADA FALTE NO SERVIÇO A nosso favor, SENHOR, envias os teus SANTOS ESPÍRITOS A SERVIR-NOS, confia-lhes NOSSA GUARDA, ordenas que se tornem nossos MESTRES : "A TEU RESPEITO ELE ORDENOU A SEUS ANJOS QUE TE GUARDEM EM TODOS OS TEUS CAMINHOS" (SL.90,11). ESTA PALAVRA QUANTA REVERÊNCIA DEVE DESPERTAR EM TI, AUMENTAR A GRATIDÃO, DAR CONFIANÇA: REVERÊNCIA PELA PRESENÇA. GRATIDÃO PELA BENEVOLÊNCIA. CONFIANÇA PELA PROTEÇÃO. ESTÃO AQUI, PORTANTO, E ESTÃO JUNTO DE TI, NÀO APENAS CONTIGO, MAS EM TEU FAVOR, PARA TE PROTEGEREM, PARA TE SEREM ÚTEIS.

Lecordas-te da ORAÇÃO SEGUINTE que diariamente rezavas, pedindo a assistência dos ANJOS DA GUARDA?

MEUS DEUS, QUE POR UMA PROVIDÊNCIA INEFÁVEL VOS DIGNAIS ENVIAR-NOS OS VOSSOS ANJOS PARA NOS GUARDAREM, SUPLICAMO-VOS QUE NOS CONCEDAIS SEMPRE A SUA PROTEÇÃO E DEFESA, E NOS ADMITAIS NA SUA COMPANHIA POR TODA A ETERNIDADE. AMÉM.

sábado, 1 de outubro de 2011

CREIO NA RESSURREIÇÃO DOS MORTOS

No blog: "Por que visitar os cemitérios" falta acrescentar o seguinte: o "DOGMA DA RESSURREIÇÃO DA CARNE (do nosso corpo que com a morte se separou da alma) nós o invocamos, quando rezamos no SÍMBOLO DOS APÓSTOLOS: "Creio na Ressurreição da carne". Pode-se defini-lo como sendo a RESTITUIÇÃO do corpo, separado pela morte, e a renovada UNIÃO dele com a alma. Fala-se "Ressurreição da Carne", porque só o corpo morreu, não a alma. Essa Ressurreição será UNIVERSAL, como se lê no Evangelho de São João, cap. V, 29: "... e os que tiverem feito obras boas sairão para a ressurreição da vida (eterna); mas os que tiverem feito obras más sairão ressuscitados para a condenação", isto é, todos os seres humanos RESSUSCITARÃO, bons e não bons, e ressuscitarão com os mesmos corpos que tiveram na vida. Basta aqui pensar o seguinte: antes do pecado original, os homens gozavam do dom da IMORTALIDADE, dom este que se perdeu em consequência da desobediência de nossos primeiros pais, mas que se recuperou com a REDENÇÃO operada por Jesus Cristo. Por isto é que São Paulo, apostrofando alguns habitantes de Corinto exclama: "Se se prega que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos, por que alguns dentre vós dizem que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, Cristo não ressuscitou!" Quando a Ressurreição ocorrerá, não o sabemos , porque Deus não o revelou e nem pela luz da razão o conseguimos saber. São Paulo, I Cor., 41-44, assim descreveu as qualidades dos corpos ressuscitados: "Há diferença de estrela para estrela na claridade. Assim também a Ressurreição dos mortos. Semeia-se (o corpo) corruptível, ressuscitará incorruptível. Semeia-se na ignomínia, ressuscitará glorioso. Semeia-se inerte, ressuscitará robusto. É semeado um corpo animal, ressuscitará um corpo espiritual. Quatro qualidades, POIS, se atribuem aos corpos ressuscitados": IMPASSIBILIDADE: nem fome, nem sede, nem aflição, nem morte; CLAREZA: "os justos, diz o Evangelho, hão de brilhar como estrela na eternidade (Math., XIII); AGILIDADE: céleres como os pensamentos, transportar-se-hão de um lugar para outro; SUBTILEZA: serão como que espiritualizados.