sexta-feira, 14 de outubro de 2011

MERTON ANTES DA VOLTA PARA DEUS

THOMAS MÉRTON, aos 17 anos, em 1932, abandonada a Fé de sua infância, era um rapaz como a maioria dos outros. Frequentando um colégio na Inglaterra, acometido de doença de certa gravidade, viu-se confinado entre as 4 paredes de uma enfermaria, "sem nada no coração a não ser apatia, orgulho e desdém como se fosse culpa da vida estar eu sofrendo e só por isso dever evidenciar desprezo, ódio pela vida e morrer como se isso fosse uma vingança contra ela, a vida! Que era a vida? Algo existindo separado de mim. Se tenho que morrer, que morra! Morro e pronto, fico liquidado!" Assim descreveu MÉRTON seu estado de espírito na época e continuou: "Quem tem religião, fé e amor a Deus sabe o que significa a vida e o que vem a ser a morte e se dá conta direito do que seja ter uma alma imortal, não compreende como pode ser o estado íntimo de quem não tem fé e já atirou para um canto a alma. E não pode conceber que uma pessoa possa se ver diante da morte sem sentir uma espécie de compunção. Mas por certo pode saber que milhões de pessoas morrem assim sem preparo, da maneira como eu por exemplo poderia ter morrido. Até quando me lembro, o pensamento de Deus e o pensamento de rezar não acudiram sequer ao meu espírito doente, e tão pouco durante o ano. Ou se tais pensamentos bruxoleavam diante de mim foi para renegá-los e rejeitá-los. Naqueles dias, quando na capela se recitava o Credo dos Apóstolos, eu ficava de boca fechada, não acreditava em nada. Mas apenas substituíra uma F'É certa, a FÉ em DEUS, na Verdade, por uma fé incerta e vaga nas opiniões e na autoridade de homens, panfletos e artigos que se agitavam, variavam e se contradiziam sem que chegasse a discernir claramente. Assim eu jazia naquele leito, repleto de gangrena, e com a alma apodrecida pela corrupção dos meus vícios. A pior coisa que pode acontecer nesta vida a uma pessoa é perder todo o senso de realidades tais como sem se importar sequer se vai morrer ou não. Um dia saberei quem intercedeu por mim naqueles dias, pois a distribuição dos dons de Deus é sempre através das orações de outras pessoas" ("A MONTANHA DOS SETE PATAMARES", de Thomas Mérton).

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