sábado, 15 de outubro de 2011

NÃO CURTI A PRESENÇA DE MEU PAI!

Meu pai faleceu, quando eu tinha 22 anos. Convivi com ele apenas até aos 12 anos, quando entrei no Colégio do Caraça. Depois disto, por mais 3 vezes, espaçadas, e por um mês apenas de duração cada uma, estive em casa junto dele. Isso quer dizer que na prática foi só na minha infância que convivemos, que sua presença fez-se sentir em mim. Ora, essa fase da vida, Tristào escreveu, "é o período em que a infância domina a criança em contraste com aquele em que o adulto domina a maturidade. A infância, continua o mestre, é a idade do anonimato, em que a criança renasce a cada manhã, uma idade sem memória em que as impressões são tanto mais violentas quanto mais efêmeras". Relembro esses pormenores, porque hoje (15/10/11) faz 60 anos que meu pai se foi para a casa do Pai, 5 anos depois que o vira pela derradeira vez (1947), quando, estando eu longe de casa, soube da morte dele repentinamente. Pai de 12 filhos vivos, seu contato comigo foi bastante curto. Um "fac-totum" por necessidade, eram fora do lar seus variados ambientes de trabalho. Assim cabia bem mais a minha mãe a vigilãncia e os cuidados dos filhos, apesar de vê-lo diariamente quase em casa. Se fui castigado vezes sem conta por minha santa mãe, só me lembro de três ocasiões de sua intervenção sobre ninha conduta: quando briguei com minha irmã Anesia, e recebi duas chineladas; quando, tendo apanhado na rua ao sair da escola, do irmão de um colega por causa de uma discussão sem agressão mas apaixonada, em que eu era pela Inglaterra e meu colega pela Alemanha (1940), meu pai assim me interpelou: "Como isso?! Não vê que sua mãe está de resguardo pelo nascimento de seu irmão?" E a terceira vez foi quando aos 15 aos (1944) estive de férias do Caraça, diariamente ouvindo na rádio Tupi o programa de Júlio Louzada, mal sentado na cadeira, e meu pai me dizendo com humor: "Vou mandar fazer uma cadeira de 2 pés pra você!" A impressão, porém, dele recebida e que muito me marcou foi quando me visitou no Caraça, um ano depois que lá me achava, em 1942. Em conversa no Claustro dos Padres com o Padre MontÀlvão, ele confessou que eu em casa lhe fizera muita falta, porque já o ajudava bastante, passando a mão na minha cabeça com carinhoso gesto antes por mim nunca sentido! Hoje assisto ao fenômeno normalíssimo na vida de todos nós: na proporção em que encurta a família aqui na terra, vai ela crescendo do outro lado! Até breve, meus queridos pais!

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