domingo, 23 de outubro de 2011

PANFLETO CONTRA OS CATÓLICOS FRANCESES

JULIEN GREEN, escritor americano de expressão francesa (1900/1998), converteu-se ao catolicismo em 1916. Como na época de sua conversão grassasse na França e de modo geral em todo o ocidente, inclusive no Brasil, uma onda bastante influente e crescente de anticlericalismo, a atitude de GREEN, recém-saído do protestantismo CONVENCIDO de ESTAR COM A IGREJA CATÓLICA A VERDADE TRAZIDA POR CRISTO, outra não foi senão colocar em defesa de sua fé o dom da palavra escrita. Enfrentando um mundo hostil aos valores transmitidos pelos Sumos Pontífices, num país intelectualmente simpático a "Ação Francesa", movimento animado desde 1904 pelo escritor Charles Maurras (1868-1952), centrado no nacionalismo integral e de rígida conotação tradicionalista, de larga aceitação entre os católicos, GREEN não hesitou em colocar seu espírito recém-convertido em defesa do Catolicismo que abraçara convictamente. Publicou aos 23 anos de idade o "PANFLETO CONTRA OS CATÓLICOS DA FRANÇA", a seu ver membros mornos, desossados, apáticos, uma espécie de nossos "católicos não praticantes". Já considerado figura promissora das letras francesas, exerceu O PANFLETO influência real nos meios católicos da França onde GREEN hoje é tido como o maior escritor da França no século XX. No seu "JOURNAL 1935-1939", com a data de 06/04/1935, à proposta que reeditasse o PANFLETO, ponderou ser impossível, pois "nesse pequeno livro escrito aos 23 anos não consigo reencontrar-me tal como sou hoje. Essas páginas, continuava ele, não constituíam uma profissão de fé, antes permitiam supor uma profissão de fé violenta e fanática! Se a publicasse hoje, pensariam que eu vivo no temor do Inferno e que lamento os belos dias da Inquisição". Em geral as lutas, as dores até à conquista da verdade, religiosa sobretudo, inoculam no convertido energias, forças tais que chegam por vezes até a perder-se a noção da realidade, o que, em parte, explica a origem dos fanatismos. Pelo que conheço, de leituras, de JÚLIO GREEN, ele viveu e "dormiu" no Senhor de sua conversão, o que até exemplifico pelo que escreveu no seu "POURQUOI SUIS-JE MOI? JOURNAL 1993-1996", pp.399 (30/12/1995): "Se eu pudesse me dizer ao ouvido, afastando o lençol que me cobre a orelha antes de dormir : 'Hoje seguiste o Evangelho', como me sentiria feliz, pois teria vivido o Amor tal e qual Cristo o concede. Mas...também hoje ouvi a voz do mundo!" A propósito: no dia 05/03/1995, no citado livro, GREEN escreveu; "DE SALOMÃO e de JUDAS não direi o que faço, a fim de que não se abuse de minha MISERICÓRDIA" (De um dos diálogos de Jesus Cristo com Santa Gertrudes (1253-1302), beneditina alemã, autora de "Arauto do Amor Divino", um dos primeiros monumentos da devoção ao Coração de Jesus.

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