quinta-feira, 6 de outubro de 2011

ETIAM HOMERUS ALIQUANDO DORMITAT

Tal era o esmero, o cuidado, a religiosidade com que se procurava ensinar no Colégio do Caraça a Língua Portuguesa que nem aos alunos recém matriculados se perdoava qualquer escorregão que ferisse, ainda que de leve, a língua de Camões. Língua esta que já em tempos remotos, como se lê nos LUSÍADAS, CANTO I,33, a bela deusa VÊNUS, afeiçoada à gente lusitana, " por quantas qualidades via nela", sustentava, defendia contra BACO, que se opunha à expedição de VASCO DA GAMA a caminho das ÍNDIAS, confessando tratar-se de uma gente cuja "lingua na qual, quando imagina, com pouca corrupção crê que é a LATINA", isto é, a LÏNGUA LATINA donde derivou, além da nossa, a língua italiana, a francesa, a espanhola, etc. Prova do aprendizado castiço do Português no Caraça, ofereço aqui um exemplo: meia hora depois de recebido no Caraça, faz 70 anos, um conterrâneo conhecido, já ali cursando o terceiro ano, me apresentou a um colega, dizendo ser ele filho de Simeãozinho, político influente em nossa cidade. "Filho do Simeãozinho? exclamei eufórico, conheço ELE muito!" Foi esta frase CONHEÇO ELE MUITO o distintivo de minha consagração no Caraça! A turma dos curiosos, que nos espreitavam, em coro prorrompeu de inopino: "Que é isto, novato?! rasgando a GRAMÁTICA! conheço ELE, não! CONHEÇO-O!!!" Até nos recreios se fiscalizava o emprego correto da LÍNGUA PÁTRIA, como na escola primária aprendi a chamar o nosso idioma. A propósito: a FOLHA DE SÃO PAULO de ontem, 05/10/11, página 1, sob o título "Presidente do Chile endurece...", parágrafo segundo, trouxe: "...prevê penas mais rígidas para quem agredir policiais e fazer manifestação, etc." Salvo melhor juízo, parece-me que deveria ser: "...para quem agredir (futuro do subjuntivo) e FIZER (futuro do subjuntivo).

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