segunda-feira, 17 de outubro de 2011

MENSAGENS COMPARTILHADAS

Preocupa-me por vezes a ideia de que os seguidores deste blog possam estranhar o hábito que tenho de frequentemente citar determinados autores. São, aliás, muito poucos, o que prova a indigência de minha cultura, pois os conto com os dedos de uma das mãos apenas: Tristão de Athayde, Gustavo Corção, Jackson de Figueiredo, Thomas Mérton, Saint-Exupéry e Julien Green. Sem exclusividae, porém. Na procura de uma explicação, neste exato momento acabo de descobrir o óbvio. Digo "o óbvio", porque desde criança ouvi que toda pessoa é bastante infuenciada pelas leituras que costuma fazer, segundo, aliás, o dito: "Dize-me o que lês e dir-te-ei o que és"! E a descoberta, acompanhada de um efusivo e silencioso "eureka", aflorou justammente em JÚLIO GREEN, que, no dia 30/06/1938, escreveu em seu "JOURNAL", 1935/1939: "O escritor não deve acreditar não ser diretamente influenciado pelo que lê. Existe apesar de tudo uma relação secreta entre a obra e os livros de que o autor se nutre, como entre o que ingerimos e o nosso organismo. Esse tipo de contágio, literário no caso, a psicologia popular o exprime, quando nos diz também: "Dize-me com quem andas e te direi o que és!" Sendo verdadeiro o brocardo, quanto proveito deveria eu extrair, pelo menos por osmose, de tantas citações transcritas! Confesso que com tais citações nada mais faço senão compartilhar dos bons e belos e judiciosos conceitos deles, e de outros autores, por uma razão muito singela: descubro neles, em trajes, especificamente condizentes com o que penso e proponho-me escrever, aquilo que me aprazeria ter escrito ou escrever no momento de elaboração de determinada mensagem. Gostaria, mas não fui dotado de um espírito criativo, filosófico, reflexivo, dons inatos nos aurores que cito. Apropriando-me, numa comparacão claudicante, de uma histórica saída de São Vicente de Paulo, quando os padres missionários da Congregação por ele fundada foram equiparados ou assemelhados aos padres Jesuítas, que respondeu o camponês gascão na sua rude simplicidade? "Nada mais somos senão humildes carregadores de malas dos intrépidos filhos de Santo Inácio de Loyola!" Citando com frequência pensamentos de outras pessoas, numa tentativa assim de melhorar o que escrevo, nas melhores das intenções nada mais exerço senão fazer deslizar na mesma esteira as suas malas e as minhas mochilas.

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