MENSAGEM DE FREDERICO OZANÃ
"A questão que divide os homens hoje em dia não é uma questão de formas políticas, é uma QUESTÃO SOCIAL, é saber quem ganhará, se o espirito de egoísmo ou o espírito de sacrifício; se a sociedade será apenas uma GRANDE EXPLORAÇÃO em proveito dos mais fortes ou uma CONSAGRAÇÃO de cada um no BEM de todos e, mais que nunca, para a PROTEÇÃO DOS MAIS FRACOS. Há muitos homens que possuem demais e ainda querem mais. Há outros muitos em muito maior quantidade que não têm o bastante, que nada têm e querem tomá-lo à força, se não se lhes dá. Entre ambas as classes de homens se prepara uma luta e essa luta ameaça SER terrível. Por um lado, o PODER do OURO. Por outro, o PODER do DESESPERO. Entre esses dois lados inimigos deveríamos PRECIPITAR-NOS senão para impedir, ao menos para atenuar os golpes! A nossa IDADE de JOVENS, a nossa condição OBSCURA tornam-nos mais fácil esse papel de MEDIADORES que o nosso título de CRISTÃOS torna obrigatório! (Carta de 13/11/1836, in "Cartas de Ozanã", vol. 1, pg. 221). "Somos servidores inúteis mas, enfim, servidores e o salário nos será dado de acordo com o trabalho que tivermos feito na vinha do Senhor, no lugar que nos tenha sido designado. Sim, a vida é desdenhável considerando-se pelo uso que dela se faz, mas não se a considerarmos pelo USO QUE DELA podemos fazer, se a considerarmos como a obra mais perfeita do CRIADOR, como o vestuário sagrado com o qual se pode recobrir o Salvador Nesse caso a vida é digna de respeito e de amor. Rezemos um pelo outro meu mui querido amigo, descinfiemos dos nossos fastios, das nossas tristezas, das nossas desconfianças (Ozanã sempre sempre teve o culto da amizade), (Carta de 05/11/1836). Escrevendo sobre o poeta DANTE, OZANÃ diz que foi o universalismo e o humanismo dele que mais o encantaram. No termo da Divina Comédia, escreveu,: "O que nela vemos não é só uma súmula filosófico-poética, mas uma nova concepcão da PESSOA: avistamos o VERBO ETERNO unido à natureza humana. Esta já não é apenas como diziam os antigos um microcosmo, um resumo do universo. Ela enche o próprio universo, ela ultrapassa-o e se perde no infinito"("Dante et la philosso[hie catholique", pg. 331).
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