terça-feira, 2 de abril de 2013

MORTE DO PADRE RENZO ROSSI

Como me sinto infante, apesar de passado dos oitenta.  E a sensação que me envolve no momento sabendo da morte na Itália, em Florença, no dia 25/03/13, sete dias atrás, do PADRE RENZO ROSSI, é semelhante à que me assalta quase a seguir, assistindo na TV ao acidente na Avenida Brasil, com um ônibus de pernas pra cima, caído de uma altura de 10 metros, matando sete pessoas! Como doi saber só agora da existência que se encerrou oito  dias atrás de um sacerdote italiano que, filho de uma doméstica com um operário socialista se ordenou sacerdote, como pároco em sua cidade natal, Florença,  numa dedicação aos pobres, deixa pai, mãe, três irmãos e se atira de corpo e alma num país encalacrado numa ditadura, chamado Brasil, em 1965. Recebido o "salvo conduto"do arcebispo de Salvador, Bahia,  Dom Avelar Brandão, de repente descobre o papel que lhe cabia: visitar, consolar, mitigar a solidão de presos torturados, massacrados pelos agentes do Estado, no afã de conquistar um ideal sonhado. E como se realizou nessa função! Lamentável apenas que tenha sido excluída de suas peregrinações de uma obra de misericórdia - visitar os doentes, enfermos, encarcerados (obras de misericórdia) - a arquidiocese do RIO DE JANEIRO! Se desejarem conhecer melhor a vida desse missionário dos tempos modernos, recorram à internet.  Na Bahia publicou-se um livro de sua biografia que pretendo ler:  "As Asas Invisíveis de Padre Renzo".   Com parcos recursos viajou pelo país de ônibus para falar aos presos políticos que  simpatizavam com ele. Sabe-se de um que com os dez mil dólares recebidos dele se safou da masmorra e depois tornou-se juiz do trabalho no nordeste  Em 1997, com problemas cardíacos, regressou à cidade natal,  Florença, que,  apenas refeito, logo deixou partindo para idênticas funções na África. Diagnosticado com câncer no pâncreas, faleceu aos 87 anos, no início da manhã do dia 25 de março em Florença. Repito: possuído de dois sentimentos nesta tarde-noite carioca, chuvosa, o que  mais a torna revestida do roxo de algo que se foi  ontem e de algo que há  pouco mais de três horas  no sacrifício de três mortes enluta os corações de tantos familiares e amigos e conhecidos, num momento da paz  de um dia de trabalho a caminho de casa, sou grato a Deus por me recordar que, como pessoa, "homo sum et nihil humani a me alienum puto" (Terêncio, poeta latino), isto é: "Sou homem, e nada que interessa ao homem me é alheio".

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