segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

REPUBLICANO

De vez em quando a memória levanta-me, lá do mais profundo do baú dos meus guardados, uma ou outra palavra ou expressão exilada do linguajar atual, numa gentil tentativa de me consolar dos meus mais de 80 anos corridos, pois pensa-se que só jovens têm boa memória. Lingua Pátria! Antes, muito antes, da partida de nossos bravos Pracinhas para na EUROPA dar um susto nos alemães e italianos nazistas e facistas, nas duas escolas que frequentei na minha terra mineira, livros didáticos, salvo " lapsus memoriae", desconheciam, se lhes chegasse ao conhecimento, o que seria "Língua Portuguesa"! O nome que constava nos livros que manuseávamos e nos cadernos do "prá casa" era "Língua Pátria", de uma suavidade feminina no pronunciar, num pesado e amedrontador contraste com o som de "Língua Portuguesa". Alfabetizar, alfabetização não me lembro se ouvi estes sons alguma vez. Ouvi, sim, "Aprender o Beabá". Outrora, no meu tempo, o que hoje se chama "análise sintática" era tida e havida e detestada "análise lógica". Até o nosso país de então mudou de nome: chamava-se "República dos Estados Unidos do Brazil". E por aí vai! Corre hoje nos currais políticos e com bastante ênfase, basta esforçar-se algum membro dos poderes do Estado tentar defender-se de alguma falcatrua, o emprego do adjetivo "republicano" atrelado a algum substantivo indicador do modo de agir com a coisa pública, para se tentar coonestar a maneira de lidar com valores sagrados da pátria nem sempre por ele amada. Será que tais embusteiros julgam que algum brasileiro cai tão infantilmente na onda? Surpreendi-me, há um mês, ouvindo em Petrópolis um sacerdote, fazendo a homilia, empregar o advérbio "direitamente" na expressão "proceder direitamente" (do adjetivo direito = correto). Parabéns!

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