quinta-feira, 1 de novembro de 2012

PAUSA PARA MEDITAÇÃO

MARCUS TULIUS CÍCERO, político, orador, escritor romano (106 A.C./43 DC),em seu DIÁLOGO SOBRE A VELHICE, escreveu o seguinte: "Ó bom Deus, que é a longevidade na EXISTÊNCIA de um ser humano? Consideremos um de vida bastante longa, por exemplo a do rei Tartessio (dizem que reinou 80 anos, tendo vivido 120); julgo, contudo, não ser uma longevidade alguém estar vivo, quando se considera seu termo final. De fato, quando este termo ocorre, toda a duração passada desapareceu para sempre. O tempo vivido não retorna jamais, não nos restando senão o fruto de nossas virtudes e de nossas belas ações. Dessa forma voam as horas, os dias, os meses e os anos. O tempo corrido jamais retorna e o que nos resta não pode ser por nós conhecido. Seja qual for o tempo que nos seja dado viver portanto, cada qual deve sentir-se bastante feliz. Para ser aplaudido, um ator não precisa aguardar o fim da peça, basta que se saia bem em qualquer parte dela. Da mesma forma o sábio não precisa ficar na cena até o cair a cortina. A vida, por mais curta que seja, é sempre suficientemente longa para se viver bem. Se tivermos vivido muito, nossa desolação não deve ser maior que a dos agricultores, quando depois da doce estação da primavera eles vêem chegar o estio e o outono. A primavera representa de certa maneira a juventude anunciando os frutos que às outras estações está destinado ceifar e colher. O fruto da velhice é a lembrança e a fruiçào dos bens adquiridos anteriormente. Tudo que se faz segundo a natureza deve ser creditado como um bem. Ora, que existe de mais conforme à natureza do que para os idosos morrer? Outro tanto ocorre com os jovens, embora nesse caso a natureza se revolte e só cede resistindo! Comparo a morte de um moço a uma chama ardente que se abafa com um jato dágua. O velho, porém, falece docemente, sem violência, como um fogo que se extingue por falta de alimentação. Os frutos quando verdes só se retiram da árvore com esforço. Quando maduros, eles se destacam por si mesmos. Assim a vida é arrebatada aos jovens com violência. Os velhos morrem, por assim dizer, de maduros! Esta maturidade me é tanto mais agradável, quanto mais me aproximo da morte, quanto mais me parece que depois de uma longa viagem eu descubro enfim a terra, eu me vejo entrar na morte!"

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