terça-feira, 6 de novembro de 2012

AOS CULTORES DAS LETRAS EM MINAS

DATA de 22/03/1721 o PRIMEIRO documento histórico cultural de MINAS GERAIS, falando em ESCOLA, enviado, através de uma CARTA RÉGIA, por El-Rey DOM JOÃO V ao CAPITÃO-GENERAL DOM LOURENÇO DE ALEIDA antes de tomar posse do governo da recém-separada Capitania de Minas Gerais. O móvel da "encomendação" das ESCOLAS para os filhos espúrios daquela "canalha tão indômita" insubmissa ao governo anterior, o Conde de Assumar, decorreu: ou da convicção de D. João de que a criação de escolas seria o meio mais condizente para reduzir à sujeiçào aqueles rapazes sem doutrina alguma, em substituição às medidas violentas preconizadas e efetivadas pelo Conde de Assumar para subjugar os sediciosos da véspera; ou, por sugestão de seu ministro Marquês de Abrantes, encarregado então de tudo que dizia respeito às belas artes e ciências. Seja como for, o importante documento foi assinado e enviado por DOM JOÃO V ao GOVERNADOR da recém-separada CAPITANIA DE MINAS GERAIS: "...sou informado que nessas terras - escreveu El-Rey - há muitos rapazes os quais se crião sem doutrina alguma, que como são ilegítimos se descuidam os pais deles, nem as mães são capazes de lhes darem doutrina: vos encomendo trateis com os oficiais das MINAS desse Povo, sejam obrigados em cada Va. a ter um MESTRE que ensine a LER e ESCREVER, CONTAR, que ensine LATIM, e os pais mandem seus filhos a essas escolas..." Evidenciou-se logo que a generosa semente muito cedo se lançou em solo impreparado. No governo de uma província composta de de arraiais turbulentos de brutos mineradores, gente sem nome e sem prol, o Governador D.Lourenço de Almeida não poderia imaginar escolas régias ali e muito menos para crias de negras. Dom Lourenço prometeu cumprir a ORDEM DE EL-REY: "...porém receio que os rapazes tomem pouca doutrina por serem todos filhos de negras que não é possível que lhes aproveitem as luzes". Promessa frouxa, céptica e cínica jamais foi cumprida. A má fé na atitude de Dom Lourenço decorrente de sua ignorância vencível e de um comodismo invencível fê-lo dar as costas à notícia alentadadora da experiência escolar daqueles "muitos órfãos que a CARIDADE dos RELIGIOSOS recolhia, ou a sabedoria do ESTADO Português dos tempos coloniais, antecipando-se a ideias moderníssimas, distribuía entre famílias de homens de bem, às quais as Câmaras pagavam um tanto de subvençãos para criar os meninos em várias Capitanias" (AS PRIMEIRAS LETRAS NAS MINAS GERAIS, José Ferreira Carrato).

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