quarta-feira, 17 de outubro de 2012

FRANÇA - PAIXÃO DE ANT. CARLOS VILLAÇA

"Amo a FRANÇA por causa de Léon Bloy, o peregrino do absoluto, o mendigo ingrato, no limiar do Apocalipse, profeta do mundo moderno, ser solitário e intratável. E me lembro de Ernesto Psichari, sua Viagem do Centurião, a Resposta da história a Renan, seu avô. A FRANÇA é para mim a filosofia de Gabriel Marcel, de Etienne Gilson, de Jacques Maritain, de Garrigou Lagrange, de Emmanuel Mounier com o seu personalismo e a longa tradição da revista Esprit e o crítico Albert Béguin. Há dois franceses que ainda quero evocar. Max Jacob, o poeta, e Charles Foucauld, o místico. Profetas do mundo solidário, da civilização do amor. Maritain foi sobretudo o filósofo da minha vida, da minha formação integral. O Brasil não será de fato o país do Humanismo Integral? O Brasil e os Estados Unidos foram os países que mais acolheram o pensamento filosófico de Maritain. A França é para mim o romance de Bernanos e de Mauriac. Bernanos escreveu no Brasil o romance Monsieur Ouine, publicado em 1943, poema satírico em torno de André Gide. Claudel escreveu na primeira página de seu texto genial Soulier de Satan: "Deus escreve direito por linhas tortas". Esta lição profunda foi para ele uma lição brasileira, carioca - ao tempo em que foi ministro da França no Brasil e morava na rua Paissandu e gostava de passear de tarde pela Praia do Flamengo. Como não evocar agora O caminho da Cruz das Almas que Bernanos imortalizou. Le chemin de la croix des ames, aquele humilde caminho de Barbacena, em que o velho e indomável leão encontrou um pouco de paz, no silêncio soturno das montanhas de Minas Gerais? É nesse caminho da cruz das almas que estou pensando agora. Ao inaugurar-se o Museu Bernanos em julho de 1970, falamos Hubert Sarrazin, frei Pedro Secondi, O.P., Jean-Loup, Bernanos e eu. Tenho pena de nunca ter visto GEORGES BERNANOS! ("Degustação", Antônio Carlos Villaça).

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