quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

23/12/10 - DOIS DIAS ANTES DO NATAL

Esta manhã carioca, de sol muito quente, promissora de toró à tarde, a cidade já na modorra ante-vésperal de um Natal prolongado a atropelar as festas de Ano Novo, que nos presenteará com a bela e esperançosa Primeira Presidenta do Brasil, me veio a nostalgia de meus natais, 80 anos corridos. E me vejo a cantarolar " Acorda, patativa, vem cantar!" de Vicente Celestino (1894-1968). "Relembra as madrugadas que lá vão" e são para mim umas 80!. "E faz de tua janela o meu altar!" Quem sabe de teu presépio? "Escuta a minha eterna oração!" Já montei o meu presépio sob a árvore do pinheirinho. As mesmas figuras de seres humanos e animais: Jesus-Menino na manjedoura, Nossa Senhora e São José à direita e à esquerda, os pastores, quatro, com seus cães de guarda, o galo empertigado sempre acabando de abrir o bico, o boizinho...ou vaquinha? os cordeirinhos pastando ou descansando na relva, o burrinho orelhudo, os anjos equilibrando-se nos galhos da árvore em meio a um coral convidando os ausentes a se aproximarem: "Adeste, fideles, laeti truphantes!" Patinhos feitos de celuloide nadando num espelho de parede do quarto das irmãzinhas. Maçãs de argila pintadas de vermelho, trabalhos de escola de fim de ano. Tudo esparramado num solo acidentado feito de papel pardo salpicado de mica assentada com grude de polvilho. E partes do solo, para alimento dos carneirinhos famintos, aqui e ali plantações de arroz já nascidinhas, homenagem ao sol oriente, como é conhecido na liturgia cristã o Menino Jesus: "O ORIENS!" "Ó sol nascente justiceiro, resplendor da luz eterna. Oh! vinde e iluminai os que jazem nas trevas, e na sombra do pecado e da morte estão sentados!" Perdido nessa visão de saudades de madrugadas e tardes, transformando tua manjedoura num altar, ó Deus humanado, escuta as orações, nesta época, de toda a humanidade que resgataste, que os céus lá do alto derramem o orvalho, que chova das nuvens o Justo esperado, que a terra se abra e germine o Senhor!

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