sábado, 8 de agosto de 2015

DIA   DOS   PAIS


Confesso: dentro das fronteiras de meu levar a vida, a presença da mãe no meu mundo interior sobrepuja de  bastantes léguas a presença calma  de meu genitor CLEVELAND BARROS, QUIVE para os filhos. SEPAREI-ME DO QUIVE AOS 12 ANOS, INTERNANDO-ME NO COLÉGIO  do Caraça. Confiara-me ao pai de um garoto de Belo Vale, na mesma situação que eu,  ao deixarmos o trem em Belo Horizonte, às 4 horas da manhã do dia 29/09/1941. Só o vi depois,  dia 19/07/42, no Colégio,   ao ficar comigo menos de 24 horas. Mas guardo como tesouro o carinho que  me fez e as palavras que disse ao Padre Montalvão, acariciando-me a cabeça raspada do  jeito que ele sempre deixava mensalmente, quando nos juntava os  seis garotos machos para proteger-nos a cabeleira dos piolhos. Em tempo: herdei dele a máquina que usava para o serviço! As palavras ditas então: "senti a falta dele pois muito me ajudava!" Segunda vez, por um mês e pouco convivemos em casa nas férias de 1944. Ele teve que  se virar mais, pois a guerra obrigou-o a trabalhar o dobro como  vendedor de rádios,  bilhetes lotéricos, e outras bugigangas pelas redondezas. Durante as refeições, se aparecia, era para avizar à platéia que "refeição  é coisa sagrada, conversa-se pouco!" Terceira e última vez: do dia 05/12/46 a 20/01/47, ao nos despedirmos na estação da Central da capital mineira, eu com quase 18 anos,  em busca do seminário maior em Petrópolis. E nunca mais me pôde chamar a atenção como o fez nessa ocasião: toda tarde eu ouvia na Rádio Tupi do Rio JÚLIO LOUZADA dizer piedosas considerações na hora do Angelus. Uma vez me disse:  "vou mandar fazer pra você uma cadeira de dois pés para ouvir melhor o rádio". Não preciso explicar como eu me assentava! E nunca mais o vi. Faleceu em 16/10/1951, não pude ir ao enterro dele. Mas...escrevi-lhe uma carta que saiu de Petrópolis no dia do falecimento dele,  antes que o soubesse. Minha irmã Beatriz me comunicara que ele passara mal. Estou ciente de que ele  recebera e lera no céu a minha carta! Nos pratos da balança da minha gratidão o peso da saudade de meu pai e de minha mãe se equivale. Já não ando muito distante da hora de ocupar a minha vaga na família que já pela metade se transferiu para o além. 

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