domingo, 25 de setembro de 2011

POR QUE VISITAR OS CEMITÉRIOS?

Sou um admirador doentio, e por conseguinte leitor, de livros de memórias, de autobiografias e de biografias em geral. A vida de cada ser humano me parece um mundo NOVO, INDIVIDUAL, PESSOAL, criado por Deus, não apenas em seis dias, seguido de um para descansar, mas por tanto tempo quanto tiver sido o decorrido do berço à tumba de toda pessoa. Abrindo hoje o "JOURNAL (1955/1958) LE BEL AUJOURDHUI", de JULIEN GREEN, 26/11/56, ele escreve que "um sacerdote me falava de sua indiferença com relação aos túmulos dos mortos, de seus mortos. "Eu vou vê-los por polidez", disse-me ele. Segundo o padre, o culto dos mortos corresponde a uma ideia muito antiga de que os mortos esquecidos se vingavam. De que valia apaziguá-los uma vez ao ano com um buquê de crisântemos? Meu cemitério para mim está é na oração da manhã e na da noite. É isto que conta! Aliás, não há cemitério, porque não há mortos. Os ausentes vivem em Deus e Deus disse que não era o Deus dos mortos, mas dos vivos". Ainda que crendo "na ressurreição da carne e na comunhão dos santos", cada católico conserva sua maneira de pensar e agir com relação aos que "dormem" em nossos cemitérios (dormitórios). Tudo vai da sensibilidade, do grau de relacionamento e de afeição tido com os mortos, de um conhecimento mais profundo dos dois dogmas acima referidos, de referências numerosas contidas nas escrituras sagradas, do modo de agir dos que têm uma vivência mais consciente dos ensinamentos de Cristo e da Igreja com relação aos que se foram. Pessoalmente procuro conservar e alimentar sentimentos de veneração e sobretudo de oração, de respeito pelos irmãos em Cristo que confiamos à terra donde vieram e onde aguardam a ressurreição final, vendo nos seus restos mortais, ali como que guardados, relíquias que muito mais me falam do que objetos quaisquer outros que lhes pertenceram. Tratando-se de nossos pais e de nossos filhos, sobretudo, julgo de muito mais elevado valor espiritual e cristão a presença ali do que foi o continente, o ENVÓLUCRO de seus espíritos, de suas almas imortais com quem um dia conviveremos. Dom Estêvão Bittencourt escreveu livro muito instrutivo sobre o assunto, intitulado "A VIDA QUE COMEÇA COM A MORTE".

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