sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

CELIBATO ABRAÇADO LIVRE E CONSCIENTEMENTE

Citei no blog de 26/01/11 os dizeres seguintes do defensor da permanência do celibato eclesiástico: "...trata-se de uma discipina da Igreja que, longe de ser uma imposição, é um estado de vida ABRAÇADO LIVRE e CONSCIENTEMENTE por quem deseja o estado sacerdotal". A respeito desta afirmação, dois reparos: primeiro, para o autor o" abraçar livre e conscientemente" se refere só ao estado sacerdotal ou conjuntamente ao estado sacerdotal e ao celibato eclesiastico? segundo reparo: levando-se em consideração que o tal abraço abarca o estado sacerdotal e o celibato, este, na verdade, é uma imposição, pois "não se trata de um preceito divino". Deixando de lado essa distinção, como a ordenação sacerdotal, pelo menos até o advento do Vaticano II, se dava ordinariamente depois dos estudos no seminário menor e maior, ponho em dúvida se um tal estado de vida (o celibato sacerdotal) tinha condições de ser abraçado LIVRE E CONSCIENTEMENTE por crianças e adolescentes separados das famílias e do mundo e confinados em seminários. Deixando para os entendidos apresentarem argumentos psicológicos em favor do que afirmo, detenho-me em citar Pio XII ("Menti Nostrae", ( 23/09/1950): " Se os jovens, especialmente os que entraram no seminário em tenra idade são formados num ambiente demasiado afastado do mundo, ao saírem do seminário poderão encontrar sérias dificuldades nas relações tanto com o mundo miúdo quanto com o laicato culto...por esse motivo é preciso diminuir gradativamente e com a devida prudência a separação entre o povo e o futuro sacerdote, a fim de que este, recebida a sagrada ordenação, quando iniciar seu ministério não venha a sentir-se desorientado, o que não somente seria danoso para o seu espírito, como anularia até a eficácia de seu trabalho". Ou o Papa Paulo VI ("Gaudium et Spes", Constituição Pastoral, 07/12/1965): "... a dignidade do homem exige que possa agir de acordo com uma opção consciente e livre, pessoalmente, isto é, movido e levado por convicção pessoal e não por força de um impulso interno cego ou debaixo de mera coação externa". E cito os dizeres de um provincial da Província Brasileira da Congregação da Missão, já falecido (in "Recordações", pp. 142): "Muitos saíram da Congregação, consequência da determinação do Papa Paulo VI ao reconhecer que a permanência de seminaristas, sobretudo religiosos, nos seminários, por longo período sem contato com a família e a sociedade, tolheu-lhes a oportunidade de verificar se tinham verdadeira vocação". Termino citando o Padre Maurílio Teixeira Leite Penido, ex-diretor espiritual no seminário do Rio Comprido: "Se tivesse de recomeçar ( o ofício de diretor espiritual em seminário), seria implacável: qualquer dúvida seria motivo para afastá-los do sacerdócio; complacência seria, não caridade, senão fraqueza".

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