terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

MENSAGEM DA MALA

Lembrando os 96 anos de Merton, dia 31/01/2011, citei um pensamento que escreveu 3 meses antes de falecer em Bancoc: "O que se grava em minha mente é que em breve eu deixarei mesmo este lugar, para por muito tempo viver só com uma MALA - tudo que tenho estará dentro dos 20 quilos que um avião carrega para a gente". Ainda tentando faiscar nesse raciocínio do monge santo de Getsemany, cai-me nas mãos uma carta do santo leigo brasileiro, Tristão de Athayde, à sua filha beneditina, escrita em 1951, de Washington: "Sabe no que estava pensando agora na missa? Na sua MALA! Sim, quando você me fala que foi com X. "Na MALA", - que pôs ou tirou alguma coisa "DA MALA"- vi por este traço - que não sei se é propositado numa cela de mosteiro - de qualquer modo, intencional ou não, vi que tem um sentido muito profundo. É o de que a vida é uma viagem e nós viajamos. Ter uma MALA sempre e sempre à vista, é como que dizer que devemos estar sempre com a ideia da morte diante de nós. É o meio de nos colocarmos na verdadeira condição de nossa vida: eternos passageiros. MALA, símbolo de viagem! Não apenas daqui prali, mas da viagem de onde nunca mais se volta. Foi o que pensei na missa quando rezei, como todos os dias, pela sua vocação e por sua permanência na Abadia, longe de NÓS e perto de DEUS, perto de NÓS PORQUE mais perto de Deus, sem estar dividida nem pelo marido, nem pelos filhos, nem pelas festas, nem pelo trabalho no mundo. Só com Deus, só conosco. Tenho o consolo de saber que Nosso Senhor fez a Igreja para todos e não apenas para os MONGES. E todos temos uma alta missão a cumprir, cada qual no seu terreno! Minha filha, você hoje está mais conosco do que se estivese aqui. Acredite nas palavras do seu Pai que nunca enganou você. A saudade crucia mas constroi!" São Vicente de Paulo, meditando um dia sobre a MALA, parece-me que procurando com quem comparar os padres da Congregação que fundou, saiu-se com esta que já atravessa TRÊS séculos: "Nos somos os carregadores da MALA dos Jesuítas". Como foi feliz Henriqueta Lisboa, A POETISA MINEIRA, em escrever o poema "A Flor de São Vicente": "Do caule esguio em penhor, três pétalas - uma flor! Humildade. Simplicidade. Caridade. Ó penhor! De que maneira se há de aproximar dessa flor? O gesto suspenso em meio a um delicado tremor, entre o anelo e o receio de tocar essa flor!"

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