segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

PENITÊNCIA SEM FORMALISMO

"A história da Igreja ensina que, se a disciplina penitenciária variou através dos tempos, foi para melhor exprimir a intocável lei da penitência. Vivemos num desses momentos de mutação em matéria de leis eclesiásticas. Elas exprimem o cuidado da Igreja de obedecer mais intensamente à vontade de seu Senhor. Cristo jamais proibiu comer carne na sexta-feira. Apenas disse: "Arrependei-vos porque o reino de Deus está próximo!" Modernamente a Igreja tornou mais preciso o conteúdo desta lei e a impôs aos fiéis. Veio uma época em que ela constata que 2/3 da humanidade passa fome e que para ela essas restrições alimentares não têm sentido. Que nos países bem alimentados a abstinência de carne corre o risco de tornar-se um puro hábito sem valor penitencial. Enfim, que, para ser real, a penitência exige uma escolha pessoal mais mortificante que a obediência fácil a um preceito muito preciso. Ela interveio então e disse: deveis mortificar vosso corpo e vosso espírito. Vós o fareis uma vez por semana pelo menos, no dia aniversário da crucifixão de vosso Mestre. Escolhereis vós mesmos o objeto de vossa penitência. Unireis vossa ascese à caridade fraterna e à oração para que seja a expressão de vossa caridade para com Deus e o próximo. Desta forma, a mensagem apresenta a penitência numa pureza maior e com uma força mais mortificante, porque solicita de nossa parte uma resposta ativa e mais livre na escolha dos meios. Amanhã, estejamos certos, a Igreja modificará seus preceitos sem que se pretenda que a lei divina mudou. Assim agindo, a Igreja nos ajuda a uma submissão proveniente de uma consciência mais racional e de uma liberdade mais engajada". ("La Documentation Catholique", 01/01/1967, pg. 91, autor Mons. Coelini, bispo de Ajacio).

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