terça-feira, 4 de maio de 2010

MEDITANDO BRASÍLIA 50 ANOS DEPOIS

As "CARTAS DO PAI" de Alceu Amoroso Lima  constituem para mim, neste final de linha da vida, o moderno livro de modernas meditações. Carta de 27/03/960: "Orós e Brasília são perfeitamente simbólicas do Brasil real, tudo feito às pressas, sem fundamento, sem ordem, à moda de aventura, confiando na sorte e no futuro "Deus é brasileiro". É impressionante a falta absoluta  de condições para sua habitabilidade normal, a partir de 21 de abril,  data fixada pelo JK à brasileira, isto é, idealmente, sem nenhuma base senão emocional, simbólica e... demagógica. E o único argumento dos mais ponderados é que de outro modo não se faria". Argumento tipicamente brasileiro, como se a construção de Brasília fosse mais importante do que o bom senso, a experiência, a natureza das coisas e a mínima consideração pelo próximo e pelo momento presente. Enquanto isso, o nosso Rio é entregue cada vez mais ao acaso e à prefeitura... Carta de 04/04/960: "... comentando  um texto de Hipólito da Costa, de 1813,  (no "Correio Brasiliense" - 1808/1822 - criado por ele em Londres, primeiro jornal em língua portuguesa a circular no Brasil) sobre a mudança da capital para o sertão de que era entusiasta e que para mim é uma loucura, mas não um erro. E com os séculos, ou mesmo os decênios, trará suas vantagens. Os empedernidos antimudancistas,  como o Corção,  erram tanto por fanatismo sectário como os mudancistas, como o Sobral,  que acham que da mudança da capital vai começar uma era nova. Será apenas a continuação da era velha, com um quisto a mais no sertão, que pouco a pouco se tornará um polo magnético, mas sem prejuízo algum nem do Rio nem de São Paulo" ( "Cartas do Pai" de A.A. Lima para sua filha madre Maria Teresa-I.M.S.).

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