terça-feira, 18 de maio de 2010

NÃO SE OUVIU PIO XII

Há pouco o Vaticano publicou recomendações sobre a formação dos atuais sacerdotes. Soou-me isto tão estranho, lembrando-me do que, faz 60 anos, o Papa Pio XII, na encíclica "Menti Nostrae" (23/09/1950) já escrevera, quando começavam a exteriorizar-se nos seminários as causas de bastantes  inquietações no tocante à situação existencial dos sacerdotes a serem ordenados,  sobretudo a partir de então:  "Se os jovens - especialmente os que entraram no seminário em tenra idade - são formados num ambiente  demasiado afastado do mundo,  ao saírem do seminário poderão encontrar sérias dificuldades nas relacões tanto com o mundo miúdo quanto com o laicato culto... Por esse motivo é preciso diminuir gradativamente e com a devida prudência a separação entre o povo e o  futuro sacerdote, a fim de que este, recebida a sagrada ordenação, quando inicia seu ministério não venha a sentir-se desorientado, o que não somente seria danoso para o seu espírito, como anularia até a eficácia de seu trabalho". A propósito transcrevo trecho do livro "Padre Penido, Vida e Pensamento", de autoria do beneditino Dom Odilão Moura, em que transparece o interesse do culto teólogo brasileiro, petropolitano,  pelo bom funcionamento dos seminários: "Queixa-se Penido (Padre Maurílio Teixeira Leite Penido), a uma carmelita, de um seminarista que por ele fora mantido no seminário, mas que o decepcionara, pois, ordenado,  pedira laicização. A carmelita lhe havia contado que estava tranquilizada, por que despedira do Carmelo uma noviça SEM VOCAÇÃO. "Compreendo bem o seu alívio ao ser liberada de tal noviça. Tive aqui no seminário caso análogo. É um martírio. Tudo passado, devo ter feito mal aos pobrezinhos, pois já estão a pedir laicização. SE TIVESSE QUE RECOMEÇAR, SERIA IMPLACÁVEL: QUALQUER DÚVIDA SERIA MOTIVO PARA AFASTÁ- LOS DO SACERDÓCIO.  COMPLACÊNCIA SERIA, NÃO JÁ CARIDADE, SENÃO FRAQUEZA"(pp. 180). 

Nenhum comentário:

Postar um comentário