quarta-feira, 12 de maio de 2010

CADÊ OS PIANOS?

Ao lado o artigo do Ruy de Castro: "País sem pianos", na "Folha de São Paulo" do dia 12/05/2010.  Na década de 30 do século passado, Bonfim, MG, cabeça do município, teria uns 1.000 habitantes, se tantos, mas havia um piano na casa de Mariano, pai da Santinha (o pai de Oto Lara Resende que foi estudar naquela cidade, em 1906, no Colégio Trigueiro,  conta em suas "Memórias" que por vezes executou canções acompanhadas por ela ao piano) e outro na casa do Agente Administrativo (Prefeito), um dos introdutores das Conferências Vicentinas no Brasil, Francisco Alves Moreira da Rocha, ex-caracense. Está certo, portanto, Ruy de Castro ao escrever que "o  Brasil e o piano têm uma bela história juntos. Os dois conquistaram seu espaço quase ao mesmo tempo no século 19: o piano sobre o cravo, o Brasil sobre sua condição de colônia". Lamentavelmente, porém, Bonfim, hoje com 5.000 habitantes,  só conta com dois primos pobres do instrumento característico da nobreza do século passado: um harmônio caduco  e um teclado "mudo" na igreja matriz. Mas para conhecimento de seus conterrâneos, vive no Rio um "bonfinense", viúvo de uma carioca exímia pianista e não apenas tocadora de piano, cujo lar dispunha de 4 pianos, um para a esposa, dois para cada um dos dois  filhos, e um adquirido numa tentativa - QUEM SABE - de que o "chefe de família"(!) se candidatasse senão à arte, pelo menos ao espírito de solidariedade. Em resumo: cada filho, casando-se, carregou o seu; a esposa no céu  irmanou-se à orquestra dos anjos. E eu me consolo no religioso e amoroso ofício de tirar a poeira dos dois outros, até que o casal recente de netos venha tomar posse deles.

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