quarta-feira, 20 de julho de 2011

DE GAULLE versus SAINT-EXUPÉRY

No dia 22/06/1940 foi assinado em Rethondes, na "carruagem do armistício", assim chamada por nela se ter assinado em 11/11/1918, a rendição da Alemanha, pondo fim à primeira guerra mundial, um novo ARMISTÍCIO, rendendo-se a França à Alemanha. Estabeleceram-se por ele as condições oficiais da ocupação alemã da Franca. Reminiscências: eu vendia nas ruas de minha terra em Minas o jornal católico "O Diario"; com a rendição da França, um freguês meu, Sr. Adelino, telegrafista, julgando Hitler já vencedor no conflito, caiu de cama, quase enfartou, tal seu amor à França. Pelo Armistício a França ficou dividida em 2 grandes zonas, a ocupada, sob controle alemão, e a chamada "zona livre" sob a direção da França de Vichy. O General Charles de Gaulle, não aderindo à atitude do general Pétain, heroi da guerra de 14, que ele respeitava, e do general Weygand que ele detestava, reuniu o que pôde da frota francesa e se afastou do país, constituindo a defesa da França Livre. ANTOINE DA SAINTÉXUPÉRY, comungando embora, na prática, com o pensamento de De Gaulle para quem a guerra de Hitler não se limitaria à França, seria uma guerra contra o mundo, apoderou-se, um dia, de um avião em Vichy e voou para a Argélia, reduto das tropas francesas livres. Parece que o fato recrudesceu a séria desavença entre ele e De Gaulle que não perdia ocasião de colocá-lo à margem dos acontecimentos. Santex passou a viver um ostracismo que chegou ao ponto de seus livros terem sido proibidos de figurar nas livrarias de Argel. Partindo para os Estados Unidos, aí escreveu "O Pequeno Príncipe" e mais 2 livros, conquistando os intelectuais e leitores americanos. Obtendo do exército americano, já na África em 1943, autorização para se integrar na respectiva força aérea apesar da idade acima da permitida, voltou à tona o seu entusiasmo pelo amor à França, pela paixão pelo voo. Data de então o que escreveu a seu amigo Dalloz, falando da pane de um de seus motores a 10.000 metros acima, em Annecy: "Enquanto eu remava sobre os Alpes numa velocidade de tartaruga, à mercê de toda a caça alemã, eu me divertia docemente pensando nos superpatriotas que proibiam meus livros na África do Norte. Que prejuízo! "Noutra carta assim se exprimia: "Não suporto a difamação, a injúria. Não sei viver sem o amor, jamais agi ou escrevi a não ser por amor. Amo mais meu país que todos esses reunidos! Eles só amam a si mesmos!" Ele sentia vontade de trabalhar. Tinha ao lado no quarto o manuscrito de CIDADELA. "Mas o trabalho é difícil, escreveu ainda. Esta África do Norte apodrece o coração. Não aguento mais. É um túmulo. Como seria bom voar em missão de guerra no Lightning!".

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