sábado, 16 de julho de 2011

INTERNET "VERSUS" RATOS DE BIBLIOTECA

JEAN GUITTON, filósofo e escritor francês (1901/1999), membro da Academia Francesa de Letras, em seu livro "MON TESTAMENT PHILOSOPHIQUE", imagina ter tido um diálogo com SÓCRATES, quando de sua agonia. O filósofo grego, apresentando-se a ele, lhe perguntou por que aceitara dialogar com ele, seu pior inimigo! Resposta de Guitton: "Meu pior inimigo é meu melhor amigo. Nada me é mais útil do que um inimigo! Afirmando-lhe um dia Sócrates que os filósofos não podem viver sem uma reflexão sobre as grandes obras de sua tradição, Guitton, respondeu que não se tratava de saber se a filosofia seria a exegese de sua própria tradição, acrescentando-lhe que a filosofia lhe parece morrer, quando procede desta maneira. O que Guitton lhe havia afirmado é que a filosofia é uma REFLEXÃO VIVA a respeito de assuntos exteriores a ela própria: a política, a religião, as ciências, a moral, a economia, a existência, etc. Os homens fazem perguntas desse tipo e têm necessidade de uma resposta. Ciência alguma especificamente lhes é capaz de fornecer uma resposta. Daí nascem uma reflexão e uma disciplina ao encontro dessas interrogações: eis a FILOSOFIA VIVA". "E os velhos filósofos?", pergunta Sócrates. Guitton lhe pondera que eles são lidos a fim de que nos levem a ter ideias, homenageando-os pelas ideias que eles, os velhos filósofos, nunca tiveram, mas que os novos filósofos não teriam, sem eles! E completando, Guitton disse: "Um grande filósofo é isto: um tipo surpreendente que tem o gênio de vos fazer a vós mesmos ter gênio, bem como a todas as gerações sucessivas! A tradição, por si mesma, não passa de um animal como um trator sem energia. Não produz sen(JEAN GUITTONão comentaristas e ratos de biblioteca! Sócrates lhe perguntando o que é um rato de biblioteca, Guitton lhe diz que é alguém que leu 20.000 volumes, folheou 100.000 e que sabe indicar onde se achar a mais pequena bagatela sobre determinado assunto. Inquirido sobre o valor da INTERNET, Guitton afirmou que é a salvação da filosofia, porque é a morte dos ratos! Seja qual for o espírito reflexivo, pesquisador, este terá logo a seu dispor e serviço um escravo eletrônico, prestando os mesmos ofícios que um exercito de eruditos. De nada mais servirão os ratos de biblioteca. Serão dispensados, encostados como os bois de arados, com o advento dos tratores! A técnica também pode ter uma virtude libertadora!." (JEAN GUITTON, Mon Testament Philosophique, Presses de la Renaissance, 1997).

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