sábado, 30 de julho de 2011

31/07/1944 - "PRONTO! ACABOU-SE!"

"Havia ao lado do poço a ruína de um velho muro de pedra. Voltando do trabalho no dia seguinte, vi o PEQUENO PRÍNCIPE sentado no alto dele, balançando as pernas. Me disse:
"Estou contente de teres descoberto o defeito do maquinismo. Vais poder voltar para casa! Eu também volto hoje para casa... É bem longe, bem mais difícil!...Terei mais medo ainda esta noite! O QUE É IMPORTANTE A GENTE NÃO VÊ! Será como a flor. Se tu amas uma flor que se acha numa estrela, é doce de noite olhar o céu. Todas as estrelas estão floridas! Onde eu moro é muito pequeno. Minha estrela será então qualquer das estrelas. Gostarás de olhar todas, pois todas serão tuas amigas. Vou fazer-te um presente..."
"Ah! meu pedacinho de gente, como gosto de ouvir esse riso!"
"Pois é ele o meu presente!"
"Que queres dizer?"
"As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Tu, porém, terás estrelas como ninguém! Quando olhares o céu de noite, porque habitarei uma delas, numa delas estarei rindo, então será como se todas te rissem! E quando te houveres consolado (a gente sempre se consola), tu te sentirás contente por me teres conhecido. TU SERÁS SEMPRE MEU AMIGO. Terás vontade de rir comigo. E abrirás às vezes a janela à toa, por gosto, aos amigos; vendo-te rir, explicarás: "Sim, as estrelas sempre me fazem rir". E eles te julgarão maluco!. Será como se eu tivesse dado, em vez de estrelas, uns montões de guizos que riem... Esta noite não venhas...eu parecerei sofrer, parecerei morrer. Não vale a pena!"
Esta noite não o vi pôr-se a caminho. Evadiu-se sem rumor. Caminhava decidido, a passo rápido. Conseguindo apanhá-lo, me disse:
"Fizeste mal. Tu sofrerás. Parecerei morto e não será verdade. Compreendes! É longe demais... eu não posso carregar este corpo, é muito pesado! Mas será como uma velha casca abandonada. Uma casca de árvore não é triste! É aqui, deixa-me dar um passo sozinho... tu sabes, eu sou responsável por minha rosa...Pronto!!! acabou-se!".
Ele não gritou. Tombou devagarinho como uma árvore tomba, nem fez sequer barulho, por causa da areia.
"Se acontecer passares por ali, suplico-te que não tenhas pressa, espera um pouco, bem debaixo da estrela. Se então um menino te vem ao encontro, se ele ri, se tem cabelos de ouro, se não responde quando o interrogares, adivinharás quem é. Então, por favor, não me deixes tão triste: escreve-me depressa que ele voltou!"

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