quinta-feira, 28 de julho de 2011

DIA 31 de JULHO de 1944

"Nossas missões eram essencialmente de escolta. Eu tinha 20 anos. No verão de 1944 devíamos impedir os bombardeiros americanos de penetrar em nosso espaço aéreo. O desembarque na Normandia já tinha começado (junho de 1944). Havia o temor de um avanço das tropas aliadas em direção à Alemanha. Era preciso limpar o espaço aéreo, em outros termos: voar, voar bem, ferir justo! Eu o fiz com sucesso. Nem todos voltavam! O tempo na base era o bastante para um repouso e voltar sem tardar para nosso campo de caça. Não era uma tática de combate, mas antes uma necessidade de ter sucesso. Eu queria sobreviver primeiro, depois afastar o inimigo, abatendo-o, evitando que desabasse sobre populações. Não se tratava de matar o adversário, mas de impedi-lo de voar. Era o que procurava incutir no meu grupo. Daí dizerem eles: o jovem HORST atira bem, ele derruba, mas sem fazer vítimas! Quantos fiz descer! Uns 30, segundo as estatísticas. O importante, porém, para mim era voar\defendendo-me. Como me lembro do dia 31/07/1944! Saí para uma missão de reconhecimento e de interceptação em direção de Toulouse e Marseille, onde havia aviões americanos. De repente vejo um LIGHTINING de dupla fuselagem dirigindo-se a Marseille. Voava de maneira bizarra, olhando sempre para baixo, em ziguezague. Um voo de amador, a 2.000 m de altitude. Devia ser missão de observação para tirar fotos. Ele não desconfiava de minha presença. Vou fazê-lo correr. Voei na direção dele e atirei sobre as asas do avião. O "zinco" se abismou direto na água. Ninguém se ejetou. Nada mais eu saberia dizer". Não vi o piloto, era impossível saber que se tratava de Exupéry. Em nossa juventude, na escola, lemos todos seus livros, adorávamos seus desenhos, suas aventuras. Ele sabia descrever o céu, os pensamentos, os sentimentos dos pilotos. Sua obra despertou vocações em muitos de nós. Nunca o vira, apenas algumas fotos, o que não me permitia reconhecê-lo no espaço. Se o tivesse sabido, eu não teria atirado. Seu avião transformou-se num bólido. Mais tarde soube que era Exupéry. Que catástrofe! Atirei sobre um avião inimigo que se abateu. Foi o que ocorreu".

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