segunda-feira, 8 de novembro de 2010

MONTEIRO LOBATO

Pela Folha de 25/10/10 fiquei afinal, 70 anos volvidos, conhecendo na intimidade o autor do primeiro livro que li, JECA TATU! Através de 113 cartas passadas às mãos de uma professora por um neto do engenheiro suiço Frankie, descobre-se que Lobato deste se serviu para obter da Cia. Piepmeyer, sediada na Alemanha, financiamento alemão para a exploração de petróleo no Brasil. "Nossa Cia. de Petróleo Limitada, com financiamento da Piepmeyer para perfuração e refinaria ficará um negócio tremendo", escreveu Lobato. Deu, porém, com os burros nágua. Alegava que o governo brasileiro se vendia aos interesses do grupo americano da Stantard Oil, infiltrando técnicos no Dep. Nacional de Produção Mineral para brecar a descoberta do petróleo no país. Além de não ter perfurado poço algum por conta própria, o governo sabotava ademais a iniciativa privada, negando financiamento e criando obstáculos legais às suas iniciativas. Em 1940 criticou o governo numa carta a Getúlio Vargas que, segundo o missivista, permitia que o Conselho Nacional do Petróleo retardasse a criação da indústria petroleira nacional, para servir aos interesses do truste Standar-Royal Dutch. Em 1941 foi preso, depois de revistado seu escritório pela polícia, como incurso no crime de injúria aos poderes públicos, quando pretendia deixar o país. Getúlio restituíu-lhe a liberdade, três meses depois da prisão. Outros fracassos de Lobato: desfez-se de uma enorme propriedade rural objeto de herança no município de Taubaté. Montou uma editora que faliu em 1925. Jogou na bolsa de Nova York, perdendo tudo. Teve 3 companhias de petróleo, mas nunca furou um poço rentável. Soube, porém, ganhar dinheiro com seus livros infantis. Mesmo assim, morreu pobre num apartamento emprestado, em São Paulo. E atualmente, mais esta: acusado de racista! Desejo que ninguém, sem o que fazer, vá ao ponto de acusar de simpatizante do nazismo o povoador de sonhos e de ilusões de nossas mentes infantis, naqueles tempos sombrios da segunda guerra mundial, através de livros que até hoje a garotada devora com indizível prazer ("Folha", 25/10/10, Marcelo Bortoloti).

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