terça-feira, 31 de maio de 2011

O PADRE DA ARTINHA

Não há como não ouvir o próprio autor da "ARTE DA COMPOSIÇÃO E DO ESTILO" contar a gestação do livro de sua preferência e que mais lhe custou a compor. "O que mais me custou a escrever foi a Arte da Composição e do Estilo. Em 1912, foi introduzida no programa de ensino do Caraça uma nova disciplina que deveria abranger o estudo da teoria literária e a história da literatura. Por essa época não existia entre nós nenhum manual desenvolvido sobre princípios estilísticos. Além de um de José Tomé da Silva, esgotado, decorava-se nos seminários uma velha retórica de Borges de Figueiredo, com nomes rebarbativos de figuras de pensamentos e de palavras. Para a literatura portuguesa e brasileira adotava-se o prolixo Fernando Pinheiro. Indicado para lecionar a matéria, urgia-me descobrir um manual. Percorri as livrarias do Rio e nenhum encontrei que servisse. Dirigi-me a livreiros portugueses em Lisboa por meio do correspondente do Caraça, em Paris, e, após uns meses, chegaram-me três folhetos, recheados de tropos de linguagem, nada útil nem prático. Pus-me então a traduzir um manual francês. Pelo Jornal do Comércio do Rio entrei em contato em Lisboa com Cândido de Figueiredo, para me orientar na adaptação dessa obra à nossa língua e ao nosso gosto. Fiz manuscrever a tradução em vários cadernos para servirem de manual aos meus alunos. Em 1920 pretendi publicar a minha tradução. Escrevi ao autor francês para a devida licença, mas ele não só a negou como nem aceitou adaptação do seu livro. Compus, então, sem frase alguma do autor francês, a minha ARTE DA COMPOSIÇÃO E DO ESTILO, a cuja segunda edição acrescentei a Literatura Portuguesa e Brasileira, que a tornou mais procurada. Pela elevação do conteúdo e porque me custou muito é que eu prefiro a ARTE aos outros livros meus". Para o nosso "imortal" Autran Dourado eis a história da fonte onde saciaram a sede da arte de escrever os "quatro cavaleiros do Apocalipse": Oto Lara Resende, Paulo Mendes Campos, Helio Palegrino e Fernando Sabino, para ficarmos apenas nos cavaleiros. As notícias acima colhi-as do discurso de posse e elogio do patrono, Padre Antônio da Cruz, proferido na Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, aos 7 de novembro de 1981, pelo caracense Onofre de Freitas.

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