domingo, 29 de maio de 2011

ARTINHA DO PADRE CRUZ

Minha mensagem nesta tarde mariana - recordaçoes indeléveis das noites de meu torrão natal mineiro no mês de Maio, mês de Maria - aos pacientes seguidores envolve uma série de fatos que hoje se me apresentaram como em cascata. Folheando "OS LUSÏADAS", relicário imortal de tantos fatos históricos, senti-me diante do Padre Cruz, durante uma aula de literagura no Colégio do Caraça no ano de 1945. O manual usado na classe era fruto de pesquisas e estudos realizados pelo mestre no correr dos 20 anos em que lecionou a matéria no famoso colégio mineiro, fundado em 1820 na Serra do Caraça por dois sacerdotes lazaristas portugueses, padre Antônio Viçoso e Padre Leandro de Castro. Na segunda parte do livro, conhecido como "Artinha do Padre Cruz", o autor caprichou na exposição da Literatura Portuguesa e da Brasileira. Abrindo as páginas dedicadas à Literatura Portuguesa, português que era, PADRE ANTÔNIO DA CRUZ fez surgir no proscênio a figura do imortal Luiz Vaz de Camões (1524/1580), autor de "OS LUSÏADAS". E passando na rua em que moro diante do prédio onde "ao alto de um edifício antigo do Botafogo, numa rua outrora menos barulhenta do Rio, retirou-se AUTRAN DOURADO", vejo o "imortal" mineiro presente num programa de Jô Soares pouco tempo atrás. À pergunta do interlocutor sobre o motivo do surgimento em Minas, na metade do século passado, dos "quatro cavaleiros do apocalipse": Paulo Mendes Campos, Oto Lara Resende, Fernando Sabino e Hélio Palegrino, em moldura sempre a "descer Bahia e subir Floresta", que emoção me trouxe a resposta espontânea do escritor mineiro, membro da Academia Brasileira de Letras, AUTRAN DOURADO. Falando como um historiador cioso dos contos e coisas e casos da Terra Mineira, lembrou ele, com toda a modéstia peculiar aos gerais ou baêtas, que o florescimento de tais escritores nacionalmente conhecidos e apreciados se deveu simplesmente à existência e leitura e aprendizado da bela escrita de antanho veiculada num manual intitulado "ARTE DA COMPOSIÇÃO E DO ESTILO", de autoria do PADRE ANTÔNIO DA CRUZ, professor do Colégio do Caraça. Muito me orgulho de ter sido aluno do Padre Cruz. Que, ao me receber na tarde-noite de 29/09/1941 no Colégio do Caraça, me dirigiu as primeiras seguintes palavras na porta de entrada do velho educandário, "ponto de encontro da alma humana e das belezas da obra divina": "Ô seu inglês disfarçado!"

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