domingo, 1 de maio de 2011

FALHA NA FORMAÇÃO DOS LEVITAS

THOMAS MERTON foi um instrumento de Deus para alertar os formadores de padres. Medite no que escreveu: "Um dos elementos mais perturbadores da instituição monástica (religiosa) para a maioria da juventude moderna que vem em busca da entrega de si a Deus na solidão, na oração e no amor, é a interpretação corrente dos votos religiosos, especialmente do de obediência. Quem se dedica a Deus por votos, hoje em dia (isto é, mais ou menos na metade do século passado) compromete-se a viver uma existência institucional organizada macissamente e rigidamente formalista. Nesta existência tudo já está decidido de antemão. Tudo já foi previsto e providenciado pelo regulamento e pelo sistema. A iniciativa não é somente desincentivada, torna-se também inútil. As perguntas deixam de ter qualquer sentido, pois já se sabe a resposta de cor, de antemão. E o pior é que não são respostas, uma vez que implicam numa firme decisão de não tomar o menor conhecimento das perguntas dos monges (seminaristas). A obediência não consiste mais em dedicar a vontade e o amor ao serviço de Deus, mas quase numa renúncia a todos os direitos humanos, às necessidades e aos sentimentos individuais, para conformar-se, amoldando-se, às rígidas exigências de uma instituição que é identificada com Deus e torna-se um fim em si. Dá-se a entender que não existe qualquer alternativa senão considerar essa vida institucionalizada em todos os seus pormenores, por mais arbitrários, arcaicos e sem sentido, como única maneira de ser perfeito no amor e sincero na sua busca de Deus. Incutiu-se isto não apenas como um soleníssimo dever religioso, mas quase como um artigo de fé: sim, o jovem que tem sérios problemas com uma vida que pode parecer-lhe cada vez mais infrutífera e mesmo absurda, deverá ainda ouvir que está falhando em sua fé cristã e, quem sabe, à beira de uma apostasia!" ("CONTEMPLAÇÃO NUM MUNDO DE AÇÃO", PP. 36/37, de Thomas Merton).

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