domingo, 8 de setembro de 2013

QUE   OS   CONFRADES   VICENTINOS   SE   ORGULHEM   DE   OZANAM

ANTÔNIO  FREDERICO  OZANAM tornou-se célebre também no  seu concurso para a cátedrea, então criada, de "LITERATURAS  ESTRANGEIRAS". Através de suas cartas, sabemos que, para obter o primeiro lugar entre sete candidatos, foi-lhe exigido o conhecimento perfeito de três línguas mortas: latim, grego e hebraico, e quatro vivas: inglês, alemão, italiano e espanhol, além do francês. Eis o que narrou em carta de 14/10/1840. "Em duas  sessões, com um intervalo de um dia, de oito horas cada uma, os candidatos submeteram-se, primeiro, a uma dissertação latina sobre "as causas que detiveram  o desenvolvimento da tragédia entre os romanos" e depois a uma dissertação francesa sobre o valor histórico das orações fúnebres de Bossuet".  Logo depois, eram sabatinados em três arguições distintas, em dias diferentes e de três horas cada uma, sobre textos gregos, latinos e franceses, dados com 14 horas de antecedência.  Depois vieram os interrogatórios sobre as quatro literaturas estrangeiras.  Examinaram-me sobre Dante, Shakespeare e sobre um espanhol. Finalmente os competidores recebiam diferentes temas sorteados, um com 24 horas de antecedência e o outro, com uma hora. Ozanam dedicou-se sempre ao estudo das letras latinas, germânicas e francesas, no tempo dos Bárbaros, pois via grande semelhança de seu tempo com o das grandes invasões bárbaras do início do Cristianismo. Assim como via também em torno de si os meios católicos e conservadores impregnados da idéia de ligar a Igreja aos destinos da Monarquia, vendo nessa ligação do trono  e do altar  um grave erro.  Por isso, procurou mostrar, à luz da história,  o que teria sucedido se, no século V,  os cristãos houvessem  ligado os destinos da Igreja aos do Império Romano. Dedicou-se então a estudar esses tão mal estudados tempos  e a mostrar como, das invasões dos bárbaros, convertidos ao cristianimo, surgiu a civilização medieval, impregnada de catolicismo, porque os mosteiros se mantiveram independentes, se dedicaram a guardar as letras clássicas, a elaborar a sabedoria cristã e a converter os bárbaros. Numa daquelas quatro sessões no início do concurso, dissertando sobre crítica  literária no século de Luiz XIV, libertando-me, soltei as rédeas  a respeito da influência nefasta exercida pela escola jansenista sobre a poesia francesa, assimilando eu os serviços prestados  à língua por SÃO FRANCISCO  DE SALES.  AO MEU RECEIO DE, POR ISTO, TER POSTO TUDO A PERDER, o escrutíneo definitivo feito  com a média dos pontos obtidos nas diferentes provas deu-me o primeiro lugar! (Carta a Lllier, 14/10/1840).

Nenhum comentário:

Postar um comentário