segunda-feira, 2 de setembro de 2013

HÁ NO BRASIL SANTOS NÃO CANONIZADOS!

Em carta escrita a JACKSON DE FIGUEIREDO, 10/05/1928, TRISTÃO DE ATHAYDE se abriu ao amigo, deixando-nos a mais autêntica confissão de um verdadeiro seguidor de Cristo. "Eu nunca tive coragem de ter um automóvel. Coragem moral, coragem diante do mundo. Não consigo decidir-me! Tenho a impressão de que me diminuiria a meus próprios olhos, se tivesse um automóvel. Sei que é uma imbecilidade, pois possuo uma casa, etc., etc. Possuo tudo isso e sou considerado homem rico. Tenho uma vergonha horrível de tudo isso. E quando me chamam de homem rico (que sou, embora inifinitamente menos que qualquer paredro (conselheiro) republicano ou mesmo muitos dos que me acusam de o ser) confesso que perco a cabeça. Não compreendo como se possa, moralmente, ser rico de bens materiais e ao mesmo tempo ser um soldado de Cristo, seguir a lei de Cristo. Não seria mais útil à Igreja que eu desse os meus bens aos pobres e fosse servi-la como São Francisco, já que não tenho nem a santidade nem o gênio de São Francisco ou mesmo de um simples frade franciscano ou outro qualquer que tem a coragem de largar tudo para seguir o apelo de Deus? Já que eu sou homem medíocre, solicitado pelas coisas do mundo e incapaz de viver contra as coisas do mundo, isolado delas, renunciando a elas, devo ou deverei continuar a carregar a CRUZ DA MINHA RIQUEZA. EM PÚBLICO SERIA RIDÍCULO DIZER ISTO. EM UM CONFESSIONÁRIO SERIA VAIDOSO. Sem nada que nos ouça, a não ser Deus, eu posso dizer: eu carrego a riqueza, o bem-estar, o luxo que me cerca, tudo o que não é essencial à vida, COMO UMA CRUZ. Juro por minha filha que isso é a expressão da verdade. Se não arranco tudo isso de mim é, em primeiro lugar, porque gosto de tudo isso, pelo conforto que me dá, egoisticamente; em segundo lugar, porque aqueles que me cercam vivem nisso, sem pensar que haja algum mal nisso, e me classificariam naturalmente de louco varrido se eu ousasse dizer o que penso a respeito; e finalmente porque sinto que um gesto desses seria ridículo em mim, tão ridículo como aquela tentação de ser santo, do Salavin de Georges Duhamel, sem ter a vocação do martírio, nem mesmo a fé. Tudo isso faz com que continue serenamente a receber os meus ordenados, a viver na minha casa, a comprar vestidos de luxo para minha mulher e para minhas filhas, enfim, em ter a vida de um HOMEM RICO. Mas, há hoje em dia, a não ser para os homens sem consciência, a possibilidade de viver sem miséria e sem remorsos? É preciso optar por uma das duas alternativas, e eu covardemente opto pelo remorso". Como me sinto grato ao bom Deus por ter, desde a adolescência, através de um dos padres professores no Caraça, conhecido em ALCEU AMOROSO LIMA um autêntico cristão brasileiro, testemunha de que entre nós existem homens santos!

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