segunda-feira, 20 de maio de 2013

QUE  É  O  ECUMENISMO?

Segundo João XXIII, não se trata de uma assembleia diplomática para traçar roteiros puramente históricos, muito menos de uma tentativa de formar uma frente espiritual antialguma coisa. Trata-se de um movimento muito profundo e substancialmente ligado à própria natureza do catolicismo, o espírito de universalidade. Na definição do consultor do Vaticano II,  P.Congar,O.P., o ecumenismo é uma atividade essencialmente cristã, como o apostolado, a missão. Nele se lançam as almas na medida de atitudes feitas de FÉ, de amor, de oração, de serviço mútuo. Trata-se de realizar um capítulo da história da salvação e não um capítulo da história profana. A oração representa aqui a primeira e mais preciosa das condições. Tem por efeito, antes de tudo, purificar-nos o coração. O trabalho ecumênico não é um malabarismo intelectual, feito de competência e habilidade. Exige uma conversão profunda do coração, do ser humano e de toda a sua atividade cristã. A palavra mais adequada para traduzir o seu espírito é a UNIDADE.  E Alceu Amoroso Lima (no livro "João XXIII, pp.172) acrescenta que essa unidade se estende em círculos concêntrricos: unidade entre fieis dentro da  Igreja Católica, destes com todos os cristãos em geral, dos cristãos com os homens de todos os credos, e destes enfim com os que hoje professam a mais dogmática das religiões, a mais difícil e hostil ao trabalho ecumênico - o ateísmo. E essa unidade ecumênica terá de ser um trabalho lento e penoso, mas nem por isso inatingível. Difícil, porque baseado na variedade e no respeito ao que essa variedade possui de legítimo, nos termos  das palavras patéticas finais de outro grande dominicano, o P.Maydieu, O.P. Escrevia ele que "jamais como hoje em dia foi tão necessário lutar para manter  o direito ao desacordo. Uma sociedade onde não houvesse lugar para o desacordo seria a mais terrível das prisões.  Hoje só existe a escolha entre a cidade acolhedora dos desacordos, e o campo de concentração". A discórdia, segundo Tristão (idem, ibidem) é infecunda, porque, até etimologicamente, separa os corações. O desacordo é fecundo, porque aproxima através do respeito à justa variedade dos homens e das nações. O papa Paulo VI observava que a nossa época se caracteriza "pelo pluralismo ideológico na vida pública". E mais: "O ecumenismo nos ensina duas verdades fundamentais: nem permitir que esse pluralismo se transforme em isolacionismos agressivos, atrás de cortinas de bombas; nem por outro lado admitir que nos leve à tentação do conformismo sistemático e da colaboração incondicional, transformando a oportunidade em oportunismo, que é a "redução da oportunidade a um interesse, pessoal ou coletivo, de acomodação mesquinha às circunstâncias". A unidade na variedade, eis o roteiro do ECUMENISMO".

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