sexta-feira, 3 de maio de 2013

Confissão de um sacerdote - 2

Este blog continua o assunto do precedente. Quem escreveu o livro em questão foi o Padre José Luis Martín Descalzo, falecido em Madrid em 1991 em pleno exercício de sua missão sacerdotal. Depois que o bispo impôs as mãos sobre cada um dos 80 seminaristas ajoelhados em semicírculo, foi a vez de todos os sacerdotes presentes. "Foi um momento cheio de vida em que compreendi o mundo, a razão das coisas, o cerne da existência. Esfregava as mãos com carinho, sem poder duvidar de que minhas mãos daqui a pouco seriam mãos de Cristo. Os sacerdotes com as mãos ainda sobre nós à maneira de um teto, em meio a um silêncio o bispo rezou: "Rogamos, irmãos diletíssimos, a Deus Pai, multiplique seus dons celestiais sobre estes seus servos escolhidos para o ofício do PRESBITERADO e que com sua ajuda consigam obter todos os efeitos desses dons que de sua bondade recebem. Suplicamos-te, Senhor, que nos escutes e infundas nos corações destes servos a bênção do Santo Espírito e a força da graça sacerdotal. Que sejam diligentes cooperadores de nossa ordem episcopal, brilhe neles toda a justiça, para que, havendo de prestar contas do ministério confiado, consigam o prêmio da eterna bemaventurança". Durante estas orações minha alma começou a apaziguar-se. Que serenidade ao contemplar então a Senhora no centro do altar! Era eu aquele menino pobre que podia dormir em seu seio, sem que ela estranhasse muito o peso dele! "O consagrante, entoado o "Veni, Creator Spiritus", ajoelhado estendi-lhe minhas duas palmas das mãos unidas que ele ungiu com os santos óleos, fazendo uma grande cruz que ia desde a ponta do indicador de minha mão esquerda até a ponta do indicador da direita, e desde a ponta do indicador da direita até a palma da esquerda. Durante isto, o bispo dizia: "Dignai-vos, Senhor, consagrar e santificar estas mãos, para que tudo que bendizerem fique bento e tudo que consagrar permaneça consagrado e santificado. "Juntei então minhas palmas sentindo a suavidade do azeite, unindo-as um colega meu com a fita preparada por minha irmã". E o bispo continuou: "Receba o poder de oferecer sacrifícios a Deus e de celebrar missas tanto pelos vivos como pelos mortos. Fomos à sacristia, purificamos as mãos e voltamos ao altar, já completamente paramentados. Participamos da missa celebrada pelo bispo, como sacerdotes recém ordenados. A partícula que o bispo nos deu no momento da comunhão fazia parte da hóstia que nós, recém ordenados padres, havíamos consagrado momentos antes. Nunca me foi tão fácil crer como naquela manhã, com as mãos perfumadas de mistérios".

Um comentário:

  1. Gostaria de pedir-lhe a remessa do volume 01 de suas memórias, a título de DOAÇÃO.
    Gostei do volume 02, daí o pedido. Gosto muito de ler autobiografias.
    Antônio Carlos Faria Paz
    Rua Padre José Mariano, 242
    35.550-000 - Itapecerica/MG

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