quarta-feira, 26 de junho de 2013

PAUSA   PARA   MEDITAÇÃO

Três dias antes de morrer afogado na Praia do Joá, no Rio,  JACKSON DE FIGUEIREDO assim escreveu ao amigo ALCEU: Rio, 01/11/1928. Meu querido Alceu. Realmente a sua alma, que você julga tão exangue e pálida,  é uma das raras completamente embebidas do Sangue de Jesus Cristo.  Alma que tem o sentido  do sacrifício e a nítida visão  de que a vida é uma tremenda guerra. E é mesmo.  O que, porém, você precisa é sobrepor  a essa visão a certeza de que a guerra e o sacrifício só valem  do ponto de vista sobrenatural (único que se deve realmente ter em conta) quando em tudo (nas coisas, nos atos, às vezes mais aparentemente naturais)  nos colocamos também  do ponto de vista sobrenatural.  Os nossos próprios erros não nos podem fazer medo desde que conhecemos Jesus Cristo e a significação (ao menos aproximada) do seu sacrifício.  Temendo sempre o exagero (que foi afinal o erro de Lutero - o seu erro  foi o exagero) a realidade é que a verdadeira doutrina da Igreja é esta:  assim como perdoamos à criança ou asim como o médico vê os atos do louco - só DEUS sabe de verdade o porque agimos desta ou daquela maneira, e muito mais o porque nos sentimos tais como sentimos. O pecado é o erro livremente praticado. Só Deus sabe quando um pobre ser humano, no estado atual,  de entre os fios da trama hereditária etc., age livremente! De mim, meu velho, nada mais posso afirmar senão isto:  que creio profundamente em Jesus Cristo e na Igreja.  E quase que só me importo comigo nos momentos de egoísmo e de  miséria.  Mas os venço facilmente.  Creio nos fundamentos da terra.  Creio que a cruz está bem fincada sobre ela. Basta-me isto.  Sei que a minha ruindade e a ruindade dos homens  não a abalarão. E sinto como que uma alegria específica, uma alegria da humanidade toda.  O meu pequenino cachorrismo individual não me impressiona. Vivo aqui, gano ali, coço-me acolá, mas tudo  isto é passageiro.  VOU PARA A FRENTE  atirado  no  dorso  da  grande   onda  da  vida =  PARA  ONDE  DEUS  QUISER!" Visão profética: no dia 04/11/1928 "isso se realizava, deixando-nos a convicção  de que, quando  foi arrastado sobre o dorso da onda na Barra da Tijuca o seu último pensamento terá sido o de um inteiro abandono confiante nos intuitos divinos".

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