segunda-feira, 27 de setembro de 2010

REAL OU À OUTRANCE?

"A população total do globo é avaliada (1919) em 1.400.000.000 de indivíduos. Quantas almas realmente VIVAS nesse fervilhar de seres humanos?  Uma por cem mil talvez! Ou cem milhões? Não se sabe! Há seres superiores, homens de gênio mesmo, talvez, cuja alma não foi vivificada e que morrem sem ter vivido.  Um coração simples dirá cada dia, chorando de angústia: "Em que pé estou com o Espírito Santo? Sou  verdadeiramente  um vivo ou um morto que se devia enterrar? "É terrivelmente pensar que  se subsiste no meio de uma multidão de mortos que se acredita vivos e que o amigo, o companheiro, o irmão que se viu de manhã e que se vai tornar a ver à noite, só tem vida orgânica, uma aparência de vida, uma caricatura de existência. E que na verdade, é apenas diferente daqueles que se estão desfazendo nos túmulos. É intolerável, por exemplo, que ele  nasceu de pai e mãe que não existiam. E que esse padre, presente no altar,  talvez não seja muito diverso de um outro já falecido e que o Fármaco de Imortalidade, o Pão que ele consagrou para vos transmitir a Vida Eterna, ele O vai estender com mão de cadáver, proferindo com voz defunta as santas palavras da liturgia! A  missa daquele padre é tão válida quanto a de um santo.  Certa, a absolvição que administra aos pecadores. A força de seu ministério  sobrenatural perdura, enquanto a morte não triunfou definitivamente dele. Continua-se a agir e mesmo a pensar mecanicamente, com uma alma destituída de vida!"(Léon Bloy, in "Léon Bloy", de Octávio de Faria, pp. 126). 

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