quinta-feira, 2 de setembro de 2010

FATOS QUE DIVERTEM

Dia 31/08/10, terça-feira, voltava eu do dentista no Leblon, às 11 da manhã. Deixando o ônibus da integração, entrei no metrô na estação General Ozório. Tem início aí a composição para a zona norte. Poucos passageiros, pude escolher um assento e ler sossegado. De repente, levanta-se a vizinha à esquerda, cedendo o lugar a um idoso, por certo, pois se tratava de bancos preferenciais. Depois de três estações, senti que atingira meu destino. Indeciso, indaguei do novo vizinho  se era já a estação Botafogo. Olhando-me simpático, sorriu-me e me disse: "Pelo seu porte, sua concentração na leitura,  confesso-o apto,  preparado para ser um futuro cardeal!" Agradecendo, rápido, a gentileza, e surpreso pela observação ouvida, expliquei-lhe que agora já não era mais possível, justificando minha resposta, mas logo acrescentando que outrora leigo podia ser escolhido ou aclamado papa. Desci, pois chegara ao destino. Mas lembrei-me, só então, de que um leigo também pode ser nomeado cardeal. Neste caso, porém, creio que deverá antes ser ordenado padre e depois bispo.   Já ouvira, e lera, que o Papa Pio XII e posteriormente o Papa Paulo VI tiveram a intenção de oferecer a  honra do chapéu cardinalício  ao nosso douto filósofo católico Jacques Maritain. Também houve um jesuíta, o padre Billot, que, insigne teólogo, recebera idêntica honra no início do século passado. Verdade é que, parece-me por ter sido acusado de partidário do modernismo, condenado pela Igreja, veio a perder ou devolver o chapéu. Pergunto, intrigado: que levou aquele vizinho meu do metrô a dirigir-me curiosa observação? Em conduções, como as do metrô, acompanhar o que outros leem é possível. Eu lia "Um certo Dom",  biografia de Dom Alexandre Amaral, bispo de Uberaba, falecido, escrita por Cesar Vanucci, ex-diretor do Colégio Sesi-Minas de Belo Horizonte, onde lecionei em 1967. Com o rabo dos olhos ele pode ter-me bispado o assunto da obra. Bispar, verbo bastante usado em Minas; vem de bispo, que se origina do latim  epíscopo, que em grego quer dizer observar, ver de cima, e também furtar.   Ou quem sabe não tem ele algum poder extra-sensorial? Pose de intelectual ou psicólogo ou coisa equivalente isto ele tinha! Se tal poder, porém, usou no momento, foi somente para certificar-se de que, pelas circunstâncias, ele desconfiara da vida pregressa do vizinho seu à direita.

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