terça-feira, 20 de outubro de 2009

Eureca! Pedestre descoberto!


Só me faltou ontem estourar um champanhe e gritar como Arquimedes: " Eureca!" Depois de mais de 50 anos de indagações e de buscas, bateu-me à porta,  infantilmente sonhado, o pedestre pequenino que nunca mais esqueci.  Costuma-se perguntar:  "Quem não  se lembra do primeiro beijo dado, do primeiro amor que teve, do primeiro cigarro experimentado?" Se,  de bastantes primeiras emoções ando à distância, de uma sempre meu íntimo conservou a lembrança e "em berço esplêndido": o encantamento que me marcou, indelével,  o primeiro livro que li, "O PEQUENO PEDESTRE"! Verdade seja dita, entretanto, que hesito em afirmar se foi mesmo este ou o livro de Monteiro Lobato, "O  JECA  TATU", o primeirão.  Aquele, porém, foi o que mais povoou o despertar de minha infância, presente que ganhei do VOVÔ  FELÍCIO, escritor de Belo Horizonte, fundador da revista: "CARETINHA", e do  SUPLEMENTO INFANTIL de O DIARIO, e da revista  "SESINHO" , mas especialmente da revista mais  querida minha e de meus irmãos, a " ERA  UMA  VEZ"!  Vovô Felício era o pseudônimo de Vicente de Paula Guimarães, tio de João Guimarães Rosa. Eu tinha dez anos quando me apaixonei pelo Pequeno Pedestre. Menino de Bonfim, uma quase roça que, por sinal, antes se chamara ROCINHA, o deslumbrante livrinho, dedicado às  CRIANÇAS   DE  MINHA  TERR A, isto é, de MINAS  GERAIS, revelou-me, através de suas cores, de seus encantadores desenhos, e sobretudo da simplicidade de seus conceitos expressos em forma de versos quase todos, me contou, repito, no silêncio de meu quase êxtase que, além da Rua de Baixo onde eu morava, do Sapé  que me roubava horas preciosas de nada fazer, existia pedestre, e bonde, e sinais luminosos, verde, vermelho e amarelo, e inspetor de trânsito, e regras muitas para se obedecerem, quando se atravessa uma rua! E como me dava o desejo de ir a Belo Horizonte para testar o que aprendera! Nunca esqueci o que li logo na abertura do livro: "Você, criança inteligente e sadia, muito cuidado, muita atenção quando andar pelas vias públicas. As ruas foram feitas para o trânsito dos veículos, e as calçadas para o dos pedestres. Este livro é para que você seja um bom pedestre e para que esteja sempre atento. Ele é para você. Aí está em suas mãos. Leia-o e siga seus conselhos". Ontem foi para mim um dia inesquecível. O dia do reencontro com o meu "PEQUENO PEDESTRE", graças à amizade que me liga a Vicente Guimarães Junior,  filho do VOVÔ  FELÍCIO. Tenho dito!

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