segunda-feira, 1 de setembro de 2014

RESPEITO   HUMANO   DE   REZAR

A  FOLHA  de São Paulo, 29/08/14,  noticiou que a Catedral Metropolitana de Ribeirão Preto iria apelar aos céus pedindo o fim da seca que atinge a cidade. Meu retrovisor levou-me à minha terra natal, num torrão de Minas. Menino, repicando o sino da igreja, sobretudo se no meio  da semana, de longe se ouvia um aglomerado de pessoas, mulheres sobretudo,  cantando na Rua de Cima um "Mistério do Terço".  A procissão fazia um percurso mais curto, um andor do santo a quem se dedicava o piedoso exercício acompanhava o povo, com o vigário fechando o movimento e intercalando preces rezadas.  Costume propagado no ano de 470 por São Mamerto de Viena por ocasião de calamidades públicas, más colheitas, guerra, quando se recorria a tais meios para se conseguir a misericórdia de Deus. Historicamente praticava-se anualmenteno dia 25 de Abril em substituição a um ritual pagão (robigalia = doença dos cereais cultivados) uma procissão  solene, para se alcançar a proteção dos frutos e das searas contra a ferrugem. No século passado ainda se praticavam no Colégio do Caraça as "procissões ordinárias" no tríduo antes da festa da Ascensão do Senhor e no dia do "Corpus Christi" antes da missa do dia. Na solidão do Caraça era especialmente tocante, falando à alma, o espetáculo então percorrendo o campo das hortaliças e dos frutos, presentes os alunos, professores e funcionários da casa, num silêncio apenas cortado pelas vozes dos adolescentes cantando a ladainha de todos os santos, entrecortado pelo repicar alegre dos sinas da igreja.  Antes do sol nascente! Recordações jamais apagadas de nossas almas. Pena que hoje em dia o respeito humano atirou para o museu da memória a prática  exteriorizada de nossa fé. Parece que os cristãos temos vergonha de rezar em público. Por que seria? Nada mal se, nos tempos bicudos em que vivemos pela ameaça de falta dágua, elevássemos aos céus nossas vozes e corações rogando a Deus elevar o nível de nossos pequenos e grandes rios brasileiros e mundiais! "Petite et accipietis!" Pedi e recebereis! "Tu, Pai bondoso que sobre todos fazes brilhar o sol e fazes cair a chuva, tem compaixão  de todos os que sofrem duramente pela seca que nos ameaça nestes dias!" Oração composta pelo papa PAULO VI.

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