terça-feira, 26 de janeiro de 2010

TESTAMENTO DE HENRI BERGSON

Para os admiradores de nosso Alceu Amoroso Lima (Tristão de Ataíde) e do filósofo Jacques Maritain e esposa (Raissa Maritain), todos bastante influenciados pelo ilustre filósofo francês HENRI BERGSON (1859-1941), aqui vai, extraído de uma carta da viúva de BERGSON, escrita em setembro de 1941 ao diretor da revista ESPRIT, o que a missivista declarou ("A ORDEM", dezembro de 1941):
"Meu marido, que há tempos dedicava sua atenção ao problema religioso, considerava o catolicismo com simpatia crescente, não quis, todavia, converter-se por diversas razões. Ele próprio se explicou com muita clareza numa passagem do seu TESTAMENTO, datado de 7 de fevereiro de 1937, que julgo dever comunicar:
" As minhas reflexões aproximaram-me cada vez mais do catolicismo, no qual vislumbro o perfeito remate do judaismo. Ter-me-ia convertido, se não houvesse assistido à pavorosa onda de antissemitismo que de alguns anos para cá se espalha pelo mundo. Quis permanecer entre aqueles que amanhã serão os perseguidos. Contudo espero que um sacerdote católico, se o cardeal-arcebispo de Paris o autorizar, queira vir recitar as orações em minhas exéquias. No caso de não ser concedida essa autorização, recorra-se a um rabino, sem no entanto esconder dele, ou de quem quer que seja, a MINHA ADESÃO MORAL AO CATOLICISMO e o desejo que exprimo de ter, de preferência, as orações de um padre católico".
Um sacerdote dominicano, amigo de BERGSON, declarou que "Bergson manifestou o desejo do batismo, tendo até nomeado o seu celebrante. Mas declarou querer esperar por "délicatesse" em razão dos acontecimentos. Ouvi isto do próprio padre que foi indicado e que foi chamado pela família, de acordo com o desejo do falecido, e que orou junto do caixão, sem que tenham sido realizadas as exéquias cristãs" (Nota a uma carta de Charles Journet a Maritain, em 23/07/1941, em "Journet Maritain, Correspondance", vol. III, 1940/1949), pág.175).

Um comentário:

  1. olá jair, muito bom esse trecho do bergson. uma das maiores mentes do século XX, revelando uma faceta cristã, tão pouco conhecida. a pouco tempo vi em uma prateleira de biblioteca um livro chamado "convertidos do século XX", foleei rapidamente. o capítulo sobre giovanni papini, talvez você pudesse falar um pouco sobre outras conversões de intelectuais do século XX, acho um tema fantástico.

    abraço,
    Adriano

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