quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

ECONOMIA NO CURRÍCULO ESCOLAR

Noticiou hoje a imprensa que o governo vai introduzir no currículo escolar mais uma disciplina, desta vez destinada a instruir nossos adolescentes sobre princípios básicos de ECONOMIA. A iniciativa merece elogios, embora chegue com bastante atraso, como me cumpre provar. Existiu em Belo Horizonte nas décadas de trinta e quarenta do século passado um movimento histórico em prol da educação, encabeçado por uma meia dúzia de conhecidos professores das Alterosas, preocupados com a formação, tanto quanto possível integral, prática, da infância estudantil mineira. Três nomes me vêm à mente: Gustavo Capanema, Helena Antipoff, "russa de nascimento, mineira de eleição", e Vicente de Paulo Guimarães. Interessa-me, no caso, este nome, ou melhor, o pseudônimo com que ficou sendo conhecido e adorado pela infância mineira daquelas décadas: "VOVÔ FELÍCIO! Numa das primeiras aparições minhas nesta tribuna da internet falei do livro que ele escrevera no ano de 1938, intitulado "O PEQUENO PEDESTRE". Que o saiba, nunca mais se publicou entre nós um manual como este. Sua finalidade foi ensinar à criançada pequena e grande também a maneira de agir, de transitar pelas ruas de nossas cidades que, deixando de engatinharem, necessitavam já de normas práticas com vistas à segurança dos seres humanos, sobretudo de menor idade. O idolatrado e adotado vovô dos mineirinhos da época recebeu então do sobrinho JOÃO GUIMARÃES ROSA o seguinte elogio: " O PEQUENO PEDESTRE" ficou excelente: é uma das melhores coisas que você tem produzido; e permite que a gente espere ainda grandes realizações suas, no campo imenso da literatura infantil ilustrada". Assim incensado, Vovô Felício investiu em outro campo, o da economia, o das finanças, o da poupança. E publicou "TRANQUILIDADE", "pequeno livro ensinando às crianças o valor da economia", "editado pela Caixa Econômica de Minas Gerais para distribuição gratuita nas escolas primárias". E novamente veio o abraço do sobrinho: "Gostei. Gostei mesmo - sem intuito de lisonja o digo - muito: está bem feito, interessante em todas as suas peças; preencherá brilhantemente as suas finalidades". Assim sendo, a matéria da nova disciplina que se promete - "quae sera tamen" - não terá a marca da novidade, pois muito em breve, ainda que sem o carimbo da oficialidade como integrante do currículo escolar, completará oitenta anos de nascimento, de existência nas ditosas mãos infantis da geração a que pertenci.

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