sábado, 25 de abril de 2015

CREMAÇÃO

Não conheci o jornalista da GLOBO  falecido há pouco  no Rio. Acompanhei, contudo, pela midia o que se escreveu e se disse  em torno do artista  competente e admirado no meio jornalístico. Á  consternação, dominante em  boa parte da população, sobretudo entre os colegas de trabalho e numerosos amigos, juntou-se no meu vivenciar um pormenor, levando-me a uma dupla causa de angústia. Sentimento de pesar pelo desaparecimento do jornalista, sim, mas acrescido do incômodo pessoal, interior, meu, da maneira escolhida para se despedir da terra: a cremação. Chegado o momento abriu-se uma porta, um silêncio abafado, aos olhares atônitos, mudos os corações, o corpo amigo  desapareceu de repente.   Ponto final. Aos poucos, perplexos, cada um levava sem jeito o último retrato do ausente,  sem o tempo, nem no pensamento,  de se formular um adeus. Cristão, a mãe terra  conserva o corpo até a hora da ressurreição final. Com amor maternal a Igreja benze a sepultura como se fosse um templo e o cadáver como se fosse um sacrário, tantas foram as vezes em que abrigou o Corpo de Cristo, o Deus feito Homem. Nesse estado de espectativa, conservar-se-á no  espírito o  retrato de quem foi antes e nos aguardará. Poderemos suavizar a saudade, visitando-o no Campo Santo. Quanta riqueza na meditação do dogma da Comunhão dos Santos! A sepultura cristã não tortura, antes consola. Não abate, soergue, porque  "o corpo, à maneira de uma semente é colocado na terra em estado de corrupção, e ressuscitará incorruptível... é posto na terra  como um corpo animal e ressuscitará como um corpo espiritual" (Cor. XV,42-44). 

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