A INDIFERENÇA RELIGIOSA NO BRASIL EM 1943
Publicado em 1943, o livro de TRISTÃO DE ATHAYDE "A IGREJA E O NOVO MUNDO" assim externava o pensamento do autor a respeito do problema religioso no país: "Outro aspecto do problema religioso que, num estudo sistemático, não poderia passar despercebido, é o da indiferença religiosa, mal porventura dominante no extremo oposto ao da da fé católica militante. Não havendo entre nós grande ambiente nem tendências psicológicas para os sectarismos religiosos - o que se dá é que toda hostilidade à religião tradicional se transforma geralmente em indiferença religiosa. Superficialidade, sincretismo e indiferentismo são três dos males que assaltam normalmente o nosso espírito religioso. Faltam às convicções, sempre falando em termos gerais, raízes profundas e um conhecimento doutrinário seguro. O que se vê frequentemente é uma religiosidade difusa, que não afeta as fibras profundas do espírito, nem se traduz em atos. Daí uma predominância do sentimentalismo fideista, de uma exaltação passageira que fica à flor da pele. E uma grande inclinação ao sincretismo, isto é, à combinação de elementos religiosos diversos e à coexistência de dados por vezes contraditórios. Tudo isso nos leva insensivelmente à indiferença religiosa, ao conceito da fé como sendo exclusivamente assunto de mulheres e de crianças. A emancipação dos elementos masculinos da população, em face da vida religiosa, é um fenômeno de todos os tempos e de todos os lugares. Não há nisso nenhum privilégio nosso. Nào impede que seja um traço forte dessa tendência à indiferença e não à hostilidade que, essa sim, é bem característica, ao que parece, do nosso meio".
quarta-feira, 15 de abril de 2015
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