FINAL DA CARTA DE MÉRTON A TRISTÃO
"Sim, é verdade que todos nós devemos tentar entender Fidel Castro. Este é um fenômeno
fantástico e significativo e que adquire muitos aspectos. Nem se torna menor o fato de que Castro está quase se tornando um monstro de cem cabeças em toda a América Latina. Um destes aspectos a que me refiro é a amargura e desilusão deste homem bem intencionado, que foi um fraco, um apaixonado e facilmente explorado. Este homem como todos nós quer encontrar um terceiro caminho, e que foi logo engolido por um dos dois gigantes que estão por cima de nossas cabeças. Bem que os Estados unidos poderiam ter-lhe auxiliado e talvez pudessem tê-lo salvo. Mas perderam essa oportunidade. É realmente muito importante para nós pensarmos em conjunto, um pouco, sobre a posição da Igreja nas Américas. É uma obrigaçào muito séria que se nos impõe. Há muita ação nesse sentido, mas falta reflexão sobre o assunto, e mesmo assim essa ação pode ter chegado tardiamente. Não sei qual poderá ser a minha contribuição nesse sentido, mas este problema tem permanecido durante alguns anos em meu coração. Encontramo-nos todos próximos ao fim de nossas tarefas. A noite cai sobre nós, mas estamos sem aquela serenidade e sem aquela consciência do dever cumprido que eram caeacterísticas de nossos antepassados. Não considero isto um sinal de que tudo está sendo omitido, mas antes um incentivo a confiarmos mais na misericórdia de Deus e mergulharmos mais no seu mistério. A nossa fé não pode mais se prestar a ser uma simples pílula de felicidade. Terá de ser a Cruz e a Ressurreição de Cristo. E assim será para todos nós que o desejamos".
domingo, 19 de abril de 2015
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