O EXCEPCIONAL
1. É teu filho. Carrega teu sangue nas veias. / Leva tua imagem no rosto. / Belo / anjo rebelde,/ Puro / anjo anunciador.
// Terá talvez vinte anos / a flux. Vinte anos / de insolência e inocência / de torpor e de espanto. / Mas de fato não conta / senão cinco: é uma criança / perene, secretamente.
//Ardem seus olhos de uma luz / de fria indormida estrela / entre cerrados musgos. / Olha e não se sabe o que vê: / a pátria dos que não têm pátria / a despedida do porvir / a miragem de quem ficou / destituído de algo / que antes de ser já foi... // A seus moucos ouvidos / todas as palavras são vãs / no auge da compulsão, / no escaninho da lábia. / E PARA QUE PALAVRAS / se a música interna envolve / a canção anterior ao nascimento / e ao ritmo das águas vindo / imemorial para o tempo? // Caminha sem pejo desnudo / incógnito / isento / incônscio / do bem e do mal. Sua cabeça // gira-girando aos horizontes / no alto mastro às escuras / é um santelmo - indicia / mas ignora o perigo // É cego quem o reconhece / não só no sorriso alvar. / Esse menino perdido / em meio à turba que o rejeita / e subtrai de remorso / a remorso em cadeia / /é o deus menino por acaso / encontrado no templo // - intacto de todo o efêmero". Henriquetq Lisboa ("Miradouro e outros poemas").
sexta-feira, 6 de março de 2015
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