segunda-feira, 7 de abril de 2014

"POEMA     À     VIRGEM"- Padre  JOSÉ  de  ANCHIETA

Durante o tempo de cativeiro, quando ficou refém dos índios tamoios, SÃO  JOSE  DE  ANCHIETA  compôs extenso poema dedicado a NOSSA  SENHORA, APROPRIADO  para meditação nestes dias que precedem a Semana Santa. Eis uma pequena amostra da obra literária do nosso santo :

Por que ao profundo sono, alma, tu te abandonas,
e em pesado dormir, tu fundo assim ressonas?
não te move a aflição dessa Mãe toda em pranto,
que a morte tão cruel do Filho chora tanto?

Se o não sabes, a Mãe dolorosa reclama
para si quanto vês sofrer ao Filho que ama.
Pois quanto  Ele aguentou em seu corpo desfeito, tanto suporta a Mãe no compassivo peito!

Mas a fruta preciosa, em teu seio nascida,
à própria boa Mãe dá para sempre a vida,
e a seus filhos de amor que morreram na rega
do primeiro veneno, a ti os ergue e  entrega.

Sucumbiu teu JESUS trapassado de chagas,
Ele, o fulgor e a glória, a luz em que divagas.
Quantas chagas sofreu, doutras tantas te dóis:
era uma só e a mesma a vida de vós dois!

Ó morada de paz! sempre viva cisterna
da torrente que jorra até a vida eterna!
Esta ferida, ó Mãe, só se abriu em teu peito:
quem a sofre és tu só, só tu lhe tens direito.

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