sábado, 5 de abril de 2014

ANCHIETA   NO   COLÉGIO   SÃO   PAULO

Fundado o Colégio São Paulo, 25/01/1554, a instituição de tal modo cresceu que no dia de Todos os Santos (01/11) de 1556, com procissão, repiques, inúbias e maracás, estava inaugurada a nova igreja da comunidade. A economia  da organização, porém, era um apertume. Os jesuítas eram pobríssimos, inventavam para viver ofícios mecânicos, e nas horas de descanso faziam  rosários de pau, alpercatas de corda por não haver sapatos que repartiam com os homens do povo. Uns eram carpinteiros, outros torneiros,  ou funileiros em cujos ofícios ganhavam para sustento da vida. Vivendo explorando o "trabalho  do irmão ferreiro Mateus Nogueira que por consertar as ferramentas dos índios lhes davam de seus mantimentos. E os padres, conservando o bom humor natural do gentio, fazendo da catequese um brinquedo, combatiam a embriaguêz quebrando talhas de vinho selvagem. Às sextas uma procissão com música e cantoria arregimentavam pacificamente o selvagem acostumado a juntar-se  sob o chamamento do ódio guerreiro. A reforma estendendo-se à família que o missionário ia tornar monógama, nos dá a ideia da força mole e insinuante que os padres arranjaram para transformar hábitos e manhas de pessoas nas quais o raciocínio era infantil. A tudo SÃO JOSÉ DE ANCHIETA  vencia: ganâncias comerciais em torno do escambo do pau-brasil, hereges, cabotinos, selvagens, colonos, escravistas, cansaço, fome, moléstias e a própria carne de peninsular. Foi quando o branco começou a ver no apóstolo o taumaturgo. Enquanto o índio enxergava só feiticeiros nos missionários, muitos se rendiam para o bem com medo do mal que o Santo poderia fazer. O índio via no missionário o mais poderoso dos mágicos. ANCHIETA era mesmo o grande PIAHY, o supremo pajé branco. Como o silvícola feiticeiro era o representante dos espíritos tenebrosos "aparecia em todos os lugares, sabia a língua de todos os entes, vencia todos os estorvos, curava os doentes" (Capistrano). Vendo o colono feroz aprisionando o gentio como uma besta de carga, o jesuíta encara-o diversamente,  vendo nele a criança grande, retirando-o da jurisdição da Inquisição que podia agir  sobre cristãos conscientes". Esta menoridade do gentio o jesuíta respeitava como se protege hoje  um asilo de meninos órfãos. Roquete Pinto, espelhando-se em Anchieta, disse que "a nação deve ampará-los e mesmo sustentá-los, assim como aceita sem relutância  o ônus da manutenção dos menores abandonados ou indigentes, dos enfermos e dos loucos. Aliás, temos para com os índios a grande dívida, contraída desde os tempos dos nossos maiores que foram invadindo seu território, devassando sua caça, furtando o mel das suas matas, como ainda agora nós mesmos o fazemos".

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