segunda-feira, 7 de abril de 2014

MAU   PEDAÇO   NA   VIDA   DE   ANCHIETA

O biógrafo de Anchieta e Nóbrega, SIMÃO DE VASCONCELOS, relata que, certa feita foram os dois feitos prisioneiros de índios ferozes em Iperoig. Ficaram reféns num ambiente ultra sórdido moralmente. Para conservar a castidade, Anchieta refugiou-se na literatura, não lhe tendo bastado o azorrague para amansar o instinto carnal. Donde principiar, metrificando, um poema a Nossa Senhora, contando as sílabas, cansando a memória para guardar os versos, como quem cansa com carga pesada um animal. De dia garatujava na praia a versalhada, de noite, em casa, ia se lembrando do que tinha escrito, polindo, trocando um dístico, melhorando o ritmo, como se depois a Virgem  fosse contar as sílabas, examinar a métrica e conceder-lhe prêmio de literatura.  A Senhora foi anotando o sacrifício de seu poeta, inspirando-lhe novas imagens para compor um a-b-cê de louvores, narrando a vida da Mãe de Deus. O poema crescia na proporção em que os pensamentos impuros se dissipavam. O poema elegíaco deu 4.310 versos. O martírio de Anchieta fazia-o recordar os dois primeiros dias passados em Piratininga sem dormir por ocupar o dia inteiro nas obrigações do ofício, na conversão dos índios. Quantas vezes, ao romper da manhã, acharam Anchieta com a pena na mão! Um dia Anchieta, saudoso do colégio e dos coirmãos solicitou a Cunhambeba obtivesse dos guerreiros da  tribo sua devolução à vila. O mulherio como não pudesse  devorar o padre, queimou os santos do oratório, gritando, puxando os cabelos, praguejando possessas. No dia da exaltação da Santa Cruz, Anchieta numa grande canoa foi-se embora afinal. A 21/09/ a recepção de Anchieta  no colégio nem se fala a festa que houve. Nóbrega andava leso de alegria, feito piá (criança) ouvindo a história encantada de Anchieta.

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