terça-feira, 9 de março de 2010

THOMAS MERTON - 3

Aos 35 anos, influenciado pelas leituras de Etienne Gilson e da Imitação de Cristo, Tomas Merton passou a substituir o ateísmo pela possibilidade de um mundo sobrenatural. Pensou mesmo em consagrar a vida a Deus pelo sacerdócio. Num domingo de agosto, entrou na pequena igreja de "Corpus Christi", em Nova Iorque. O templo estava lotado não de velhos, mas de homens, mulheres e crianças, predominando os jovens. Sentiu que os ouvintes estavam impregnados daquelas realidades. O Padre falava de Cristo, de suas naturezas divina e humana, da Redenção, da necessidade da graça. O convívio, porém, com amigos e amigas, os divertimentos costumeiros ainda o prendiam ao mundo. Rezava, sim, à noite, mas apenas uma Ave-Maria. Nisto o mundo se convulsiona: é a ameaça da guerra mundial. Seu nome aparece na lista dos milicianos. Lendo as "Cartas a Newman", de Hopkins, em via de conversão, dirige-se a Broadway. Na igreja de "Corpus Christi" pede o batismo. Encarrega-se de lhe ensinar a doutrina o Padre Moore, o que pregara naquela missa que tanto o impressionara. "O catecismo é uma das coisas mais prodigiosas que existe. Enraíza a palavra de Deus na alma de boa vontade. Eu sentia-me arder no desejo do batismo e não faltava a uma única instrução". A 16/11/1938 Tomas Merton recebe o batismo, confessa-se, faz sua primeira comunhão. Tinha 23 anos. "Mas, escreve, depois de tantas lutas, após aquele longo caminhar através de tão dilatados ermos, em lugar de me tornar um católico fervoroso, eu deslizava para as fileiras desses milhares de católicos de água doce, que apenas esboçam um pequeno gesto para conservar vivo em si o sopro da graça". "Desejava ser escritor, poeta, crítico, professor, gozar dos prazeres da inteligência, mas o prazer intelectual que o absorvia totalmente ainda não sabia transformar-se em amor". Em setembro de 1939, voltando a Nova Iorque, de repente, numa reunião de amigos e amigas, sente no íntimo da consciência um movimento profundo, a convicção clara de que viria a ser padre. Despede-se de sua "girl": "Peggy, adeus, vou ser padre! Depois fica sozinho. A noite cai e ele penetra na igreja de São Francisco Xavier onde nunca entrara, no momento em que se entoava o "Tantum Ergo". Das profundidades infinitas da Providência chegava-lhe de novo a pergunta: "Queres realmente ser padre?" Seduzido pelo ideal franciscano, obtém uma carta de apresentação para o convento de S. Francisco de Assis, de Nova Iorque. Com uma crise de apendicite, seu projeto fica para depois. Entretanto, comunga diariamente, lê assiduamente o "Paraíso" de Dante e a "Introdução à Metafísica"de Maritain. Em Douglaston na casa do tio e depois em Cuba na Páscoa de 1940 acaba de se restabelecer. Diante da pequeníssima Virgem Negra, a "Caridad del Cobre", pede uma vez mais a graça do sacerdócio, prometendo oferecer em honra de Maria a sua primeira missa. Chamado à inspecção militar, é declarado inapto para o exército: deficiência dentária; nem sequer serve para maqueiro! (continua).

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