sexta-feira, 21 de novembro de 2014

SERÁ   QUE   AINDA   É   ASSIM?

PANDIÁ   CALÓGERAS (1870-1934), DEPUTADO FEDERAL POR MINAS (1897),  assim teve sua pessoa descrita por colega político, MARTIM  FRANCISCO ("Se não me falha a memória", por Joaquim Salles, pp.185), solicitado  a fazê-lo: "Menino,  eu me tenho na conta de homem inteligente e culto e peço-lhe a gentileza de acreditar que  não tenho por hábito mentir". "Meu  caro mestre, toda gente no Brasil sabe disso!" "Sim, não estou exagerando: sou mesmo excepcionalmente  inteligente e culto. Quando fui eleito  deputado,  pelo que sabia e se dizia da Câmara, a minha impressão  é que vinha agir numa estrebaria!" "E depois?" "Depois cheguei e comecei a estudar o meio. Verifiquei desde logo haver aqui dentro muita gente inteligente, mais inteligente  do que eu e até mais preparada!  Verifiquei ainda  ser-me mais útil  ouvir do que falar, pois tenho mais que aprender do que ensinar e nesta casa, não se iluda,  há mestres, há grandes mestres...  Entre estes, por exemplo, o CALÓGERAS.  Como sabe coisas! Como aprecio  quando lhe ouço os discursos ou lhe leio os pareceres!... CALÓGERAS não era orador, nem tinha sequer qualidades de expositor.  A palavra lhe saía dos lábios com dificuldade. Não tinha espontaneidade de expressão  e chegava a gaguejar, tão pouco a contento  se encontrava  na tribuna; mas efetivamente era um mestre,  neste sentido de que  sabia tudo e sabia tudo com profundeza. Não  era uma erudição de almanaque. O que dizia constituía produto de estudos conscienciosos, de homem cuja base de cultura estava construída solidamente à francesa, por meio de um curso verdadeiro de humanidades em que seu pai, mandado vir da Europa por Pedro II, era exímio e inigualável. Muito se interessava por questões econômicas. Revelou-se também, quando ministro da Guerra no governo de EPITÁCIO   PESSOA,  um apaixonado de questões militares, sendo tido como um dos mais operosos ministros que já teve o nosso Exército, pois até fisicamente tinha atitudes marciais de soldado nato.

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