SERÁ QUE AINDA É ASSIM?
PANDIÁ CALÓGERAS (1870-1934), DEPUTADO FEDERAL POR MINAS (1897), assim teve sua pessoa descrita por colega político, MARTIM FRANCISCO ("Se não me falha a memória", por Joaquim Salles, pp.185), solicitado a fazê-lo: "Menino, eu me tenho na conta de homem inteligente e culto e peço-lhe a gentileza de acreditar que não tenho por hábito mentir". "Meu caro mestre, toda gente no Brasil sabe disso!" "Sim, não estou exagerando: sou mesmo excepcionalmente inteligente e culto. Quando fui eleito deputado, pelo que sabia e se dizia da Câmara, a minha impressão é que vinha agir numa estrebaria!" "E depois?" "Depois cheguei e comecei a estudar o meio. Verifiquei desde logo haver aqui dentro muita gente inteligente, mais inteligente do que eu e até mais preparada! Verifiquei ainda ser-me mais útil ouvir do que falar, pois tenho mais que aprender do que ensinar e nesta casa, não se iluda, há mestres, há grandes mestres... Entre estes, por exemplo, o CALÓGERAS. Como sabe coisas! Como aprecio quando lhe ouço os discursos ou lhe leio os pareceres!... CALÓGERAS não era orador, nem tinha sequer qualidades de expositor. A palavra lhe saía dos lábios com dificuldade. Não tinha espontaneidade de expressão e chegava a gaguejar, tão pouco a contento se encontrava na tribuna; mas efetivamente era um mestre, neste sentido de que sabia tudo e sabia tudo com profundeza. Não era uma erudição de almanaque. O que dizia constituía produto de estudos conscienciosos, de homem cuja base de cultura estava construída solidamente à francesa, por meio de um curso verdadeiro de humanidades em que seu pai, mandado vir da Europa por Pedro II, era exímio e inigualável. Muito se interessava por questões econômicas. Revelou-se também, quando ministro da Guerra no governo de EPITÁCIO PESSOA, um apaixonado de questões militares, sendo tido como um dos mais operosos ministros que já teve o nosso Exército, pois até fisicamente tinha atitudes marciais de soldado nato.
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
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