sábado, 1 de novembro de 2014

FINADOS... ENCONTRO   DOS  AUSENTES!

Todo sinal aproxima, sem dar a posse. Anuncia mas não é a coisa. Mostra, mas esconde. Tem razão São Paulo:"vemos agora em sinais e enigmas". Robinson Crusoé vê na areia a marca de um pé: sinal natural, imagem de um pé, sinal de um homem! Onde estará o amigo  anunciado e escondido?  FINADOS!!! Todo sinal, pela sua força de congraçamento tem uma aura de emoção e até dotada de cargas afetivas. E estas particularmente hoje inundam nossos corações. Quem não terá visto  um dia numa flor oferecida uma promessa de amor? Quem não terá visto  numa flor murcha uma saudade de amor? Menos que flor, pétala! menos que pétala, folha, folha seca, com nervuras de renda, folha esquecida entre as folhas de um livro esquecido - de repente se abre um dia azul, uma tarde perdida, um céu de saudade em que tantos dos nossos se foram. Cada objeto fica imantado pelas mãos que o tocaram. Cada pessoa conserva o perfil, a imagem com que a terra a escondeu até à segunda vinda do Cristo. FINADOS! Dia  da saudade! Que pena a cremação de cadáveres privar-nos do mais real sinal de nosso reencontrar-nos com os nossos ausentes! Seus restos santificados pelo batismo no silêncio e solidão do Campo Santo aguardam nossa presença para um diálogo reconfortador sob certo aspeto lembrando a visita a Jesus nos sacrários de nossas igrejas: "Eu te adoro  piamente, ó divindade que te escondes nos acidentes do pão". Para a composição desta postagem vali-me bastante de observações oportunas obtidas em "As Fronteiras da Técnica", de Gustavo Corção.

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